Um bilhete de uma das 33 mulheres, que eram mantidas aprisionadas em celas, em Crato (CE) denunciou a situação na clínica. A mensagem, escrita em uma folha de papel, foi entregue secretamente pela vítima a uma irmã dela. As informações são do G1.

“Diga à *** [irmã da vítima] que estou sofrendo abuso sexual. Manda ela vir me tirar. Manda ela fingir que não tenho nada. Para mim poder sair. Sou eu e minha amiga que ‘está ‘ sofrendo. Urgente. Me tire daqui. Manda ela pegar o dinheiro. Depois eu pago a ela, vem logo por favor “, escreveu a mulher.

De acordo com a titular da Delegacia de Defesa da Mulher na cidade, Camila Brito, responsável pela investigação, familiares levaram o recado para a delegacia e, a partir dele, as investigações começaram.

“De imediato, nós orientamos que essas irmãs retirassem a vítima dessa casa, porque são familiares, então têm todo o direito de tirar a irmã de lá”, explicou a delegada.

Depois que a mulher saiu da clínica, ela prestou depoimento e a Polícia Civil pediu a prisão preventiva do diretor da clínica. Conforme Camila, os agentes ficaram consternados com a situação do lugar.

“O local não tinha nenhuma condição física de estar com aquelas 33 mulheres ali. Eram quartinhos parecidos com celas, minúsculos, cubículos. E elas ficavam trancadas de cadeado. O local era fétido, tinha mau-cheiro, não tinha ventilação, havia restos de comida dentro de baldes espalhados, cinco cachorros de médio porte, porcos. Realmente, uma situação lamentável que deixou toda a equipe consternada”, disse.

Ainda segundo a delegada, ao ser questionado sobre a situação do local, o diretor disse que “o local era apropriado para elas porque elas tinham problemas psicológicos e tinham que ficar presas”. A clínica estava em funcionamento desde 2015 e abrigava idosas e internas com problemas psiquiátricos, que tinham entre 30 e 90 anos de idade.