Ivete, de onde surgiu o desejo de criar um projeto inteiramente voltado ao samba?
Ivete Sangalo: A relação que eu tenho com o samba é de afeto, ele está na minha vida. Meu pai e minha mãe cantavam o dia inteiro em casa, todos os tipos de samba que você pode imaginar. Além de uma relação afetiva, tem também a realidade. Muito do que eu construí devo a esse convívio. Ivete Clareou foi a forma que encontrei de criar um verbo pra Nunes, como uma licença para entrar no samba.
O título “Clareou” é uma homenagem a Clara Nunes. O que ela representa para você?
Ivete Sangalo: Clara foi a primeira cantora que me abriu os olhos. Eu era muito criança, com apenas três anos, quando consegui cantar uma música inteira… Minha mãe era apaixonada por ela, meu pai também. Eu saio do meu segmento do axé para fazer um projeto especial, onde ela mora também.
Em que momentos o samba mais se fez presente na sua carreira?
Ivete Sangalo: Em todos os momentos. Eu não tenho como fazer essa divisão, porque o samba sempre me acompanhou, de forma mais ou menos sutil.
Como foi transformar essa paixão antiga em um espetáculo completo?
Ivete Sangalo: Era um sonho antigo! Sempre quis, mas a vida corrida ia adiando… Surgiu o convite da Supersound e eu topei junto com meu escritório. Eu me envolvi no conceito: cores fortes, transparência, visceralidade… O samba é honesto, humano, democrático. O Ivete Clareou nomeia tudo isso, traz Clara, traz meu encanto primeiro com a música.
Suas primeiras referências musicais moldaram quem você é hoje?
Ivete Sangalo: Com certeza! Elas guiaram todas as outras que vieram e que juntas fizeram a Ivete que sou hoje.
Quais lembranças musicais com sua família você carrega?
Ivete Sangalo: A substância da minha família sempre foi o samba. Desde pequena eu cantava, e isso nos unia como um grande pilar.
Há alguma memória da infância que está no palco dessa turnê?
Ivete Sangalo: Sim! Quando canto “Conto de Areia”. Eu me reconecto com minha criança, é muito emocionante.
O que o público pode esperar dessa imersão no samba?
Ivete Sangalo: O samba é confraternização! Não existe separação artista-público. Eu canto melodias lindíssimas, compositores que sempre admirei. Está sendo uma delícia!
O que te empolga em apresentar esse projeto por cinco capitais?
Ivete Sangalo: O novo! Novas experiências, novos sabores. Já estou apaixonada e até meio saudosa, porque vai acabar em Porto Alegre…
O formato será mais intimista ou mais dançante?
Ivete Sangalo: O palco é 360°. Isso cria uma proximidade poderosa. Um clima familiar, gostoso!
Há planos para levar esse show ao exterior?
Ivete Sangalo: Por enquanto, são essas cinco datas. Estou curtindo muito cada momento.
Qual a importância de celebrar o samba hoje?
Ivete Sangalo: A música muda e a gente também. Revisitar é vital para celebrar poesias e maestrias. Mas o novo também tem seu lugar. Muita coisa soa inédita para a nova geração — e encanta.
O maior desafio na construção da turnê?
Ivete Sangalo: O repertório! Se eu cantasse tudo que quero, o show não teria fim. (risos)
Você sentiu alguma resistência do mercado?
Ivete Sangalo: Nenhuma! Só alegria, parceria e acolhimento. Esse é um projeto honesto. Minha relação com o samba é real.
