Maya Massafera muda a cor dos olhos; quanto custa cirurgia que é proibida no Brasil?

Especialista faz alerta sobre riscos da ceratopigmentação, procedimento que virou moda entre as famosas

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Maya Massafera antes e depois da ceratopigmentação Foto: Reprodução/Instagram

Maya Massafera entrou na nova “onda” estética aderida por algumas celebridades recentemente, que é a ceratopigmentação. Trata-se da mudança da cor dos olhos.

A influenciadora digital revelou que se submeteu ao procedimento em Londres, na Inglaterra, alterando a cor de castanho para verde.

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Ione Feijão Alexim*, médica oftalmologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explicou em entrevista à IstoÉ Gente como é feito o procedimento, a escolha do pigmento, quais os riscos que o paciente corre ao realizar a mudança da cor dos olhos, falou sobre a proibição no Brasil, qual o valor da cirurgia e o que dizem as entidades médicas a respeito.

Confira!

O que é ceratopigmentação?

A ceratopigmentação é um procedimento cirúrgico que consiste na introdução de pigmentos coloridos na córnea, com o objetivo de modificar sua aparência.

A aplicação do pigmento é feita entre as camadas da córnea (estroma corneano), podendo ser realizada por meio de técnicas manuais ou com o auxílio de laser de femtosegundo.

A técnica é utilizada principalmente para fins terapêuticos, como em olhos que já perderam totalmente a visão e apresentam alterações estéticas importantes como opacidade ou coloração esbranquiçada que comprometem a aparência do rosto e, por consequência, a autoestima do paciente.

A troca de cor dos olhos é permitida no Brasil?

Não. A ceratopigmentação com finalidade puramente estética, ou seja, para trocar a cor de olhos saudáveis, não é permitida pelas normas médicas brasileiras.

O procedimento só é liberado para fins terapêuticos em olhos cegos e sem qualquer possibilidade de recuperação visual.

Quais são os riscos do procedimento?

Como se trata de uma cirurgia intraocular, os riscos são significativos. Entre os principais, destacam-se:

  • inflamações oculares;
  • infecções;
  • reações imunológicas;
  • rejeição do pigmento;
  • olho seco e desconforto ocular persistente;
  • formação de cicatrizes ou opacidades;
  • comprometimento visual, especialmente se a área central da córnea for afetada.

Nos casos mal-sucedidos, há ainda o risco de:

  • edema de córnea;
  • úlceras;
  • ceratite grave;
  • perda parcial ou total da visão, o que pode exigir um transplante de córnea como forma de reversão.

O procedimento é reversível?

Parcialmente. A reversão completa é difícil, mas há algumas alternativas. É possível tentar remover parte do pigmento por técnicas cirúrgicas ou, em alguns casos, aplicar outro pigmento para neutralizar a cor anterior. Em situações mais graves, pode ser necessário recorrer a um transplante de córnea. A reversão, porém, envolve riscos adicionais e deve ser avaliada com cautela.

Como é feita a escolha do pigmento?

A escolha é baseada em critérios estéticos, especialmente buscando harmonizar com a cor do olho saudável do outro lado (olho contralateral). Os pigmentos utilizados são biocompatíveis, não tóxicos e desenvolvidos especificamente para uso intraocular.

A coloração é definitiva?

A durabilidade do pigmento pode chegar a anos ou até décadas, mas há possibilidade de desbotamento com o tempo, principalmente se a aplicação for muito superficial.

Qual o tempo de recuperação?

O tempo inicial de recuperação gira entre 7 a 14 dias, mas a adaptação visual completa pode levar de 4 a 8 semanas. Nesse período, o paciente deve evitar:

  • esforço visual;
  • uso de maquiagem;
  • exposição direta ao sol;
  • piscinas e praias.

Quanto custa a ceratopigmentação?

Os valores variam conforme a técnica, o profissional, a região e a estrutura do local onde será realizado.

Em média, o custo gira entre R$ 8 mil e R$ 20 mil por olho.

Como se trata de um procedimento com finalidade estética (mesmo nos casos terapêuticos), não é coberto por planos de saúde.

O que dizem as entidades médicas?

O Conselho Federal de Medicina (CFM) não proíbe formalmente a ceratopigmentação, mas não recomenda o procedimento para fins estéticos, por envolver riscos elevados sem benefícios médicos claros.

Já a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) adota uma postura mais conservadora, recomendando o uso da técnica somente em casos terapêuticos, como forma de reabilitação estética de olhos cegos e com sequelas irreversíveis.

Quem está habilitado a realizar o procedimento?

Apenas médicos oftalmologistas com CRM e RQE ativo, preferencialmente com formação em córnea ou cirurgia refrativa e experiência com ceratopigmentação.

É essencial que o procedimento seja feito em centros cirúrgicos aprovados pela Anvisa, com o uso de pigmentos também regulamentados.

Esteticistas, técnicos ou médicos de outras especialidades não estão autorizados a realizar essa intervenção.

Quais cuidados o paciente deve tomar ao escolher um profissional?

  • Verificar se o médico possui registro ativo no CRM e RQE;
  • avaliar se o profissional tem experiência com ceratopigmentação;
  • perguntar sobre casos anteriores realizados;
  • discutir riscos, benefícios e possibilidade de reversão;
  • confirmar se a clínica tem estrutura adequada e autorização da Anvisa;
  • certificar-se de que o pigmento utilizado é aprovado;
  • buscar uma segunda opinião médica, antes de tomar qualquer decisão.

Referências Bibliográficas

*Ione Feijão Alexim, médica oftalmologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (CRM/SP 130.990 – RQE/SP 45.083)