A primeira-ministra britânica Theresa May e o presidente francês enfrentaram nesta segunda-feira as críticas da oposição de seus respectivos parlamentos por causa da operação militar contra a Síria, que não foi alvo de unanimidade.

May compareceu ante os deputados para explicar sua posição, em um país ainda marcado pela desastrosa invasão do Iraque em 2003 e sua posterior ocupação, que acabou na morte de 179 soldados britânicos e manchou o legado do então premiê, o trabalhista Tony Blair.

“Não recebemos ordens dos Estados Unidos. Permitam-me ser absolutamente clara: agimos porque era de interesse nacional”, afirmou.

“Porque não podemos permitir que se normalize o uso de armas químicas, nem na Síria, nem nas ruas do Reino Unido”, acrescentou, aludindo ao atentado contra um ex-epião russo em solo inglês.

“A velocidade com que atuamos era essencial para o sucesso da operação”, disse ainda, explicando por que não consultoiu o Parlamento.

Segundo a primeira-ministra, os ataques pretendera enviar uma “mensagem clara” contra o uso de armas químicas, semanas depois que foram usadas em contra o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia, em um atentado que Londres atribui à Rússia, o principal aliado de Assad.

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A oposição britânica acusa May de seguir cegamente as ordens do presidente americano Donald Trump.

“Theresa May deveria ter buscado a aprovação parlamentar invés de seguir Donald Trump”, afirmou o líder da oposição, o trabalhalista Jeremy Corbyn.

“O Reino Unido tem de ter um papel de líder para conseguir um cessar-fogo, não obedecer as instruções de Washington”, acrescentou.

Ainda não se sabe se a sessão concluirá com uma votação, que seria pura e simplesmente simbólica.

– Macron e sua primeira operação militar –

Na França, a Assembleia Nacional começou a debater a participação do país na operação do final de semana.

Os ataques de sexta para sábado na Síria foram a primeira operação militar de envergadura ordenada pelo presidente Emmanuel Macron, que assumiu há menos de um ano.

Em 2017, disse que o uso de armas químicas seria para ele uma “linha vermelha” que levaria a “uma resposta imediata”.

Falando à imprensa em Paris, Macron disse que os ataques têm “legitimidade internacional”, apesar de não estarem amparados por uma resolução da ONU.

Apesar disso, Macron foi criticado pela esquerda e pela direita.

A líder da Frente Nacional, direita radical, Marine Le Pen, o acusou de não ter demonstrado qualquer prova do uso de armas químicas na Síria, crítica à qual se uniu Jean-Luc Melenchon, que encabeça o partido de extrema-esquerda França Insubmissa, e o líder centrista Laurent Wauquiez.


“O presidente da República sabe muito bem que violou o direito internacional, e tenta inventar uma narrativa de legitimidade internacional”, acusou Marine Le Pen.


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