Os escândalos judiciais envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro ganharam um novo capítulo nesta sexta-feira (22): Mauro Cid, que o incriminou em uma delação premiada, voltou à prisão após denunciar pressões da Justiça, informou uma fonte judicial à AFP.

Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu governo (2019-2022), colabora há meses com a Justiça, que, entre outros assuntos, investiga se o ex-presidente tramou um golpe após sua derrota eleitoral em 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.

Devido a essa colaboração, o tenente-coronel Cid foi libertado da prisão no ano passado após quatro meses atrás das grades por outra investigação, sobre a suposta falsificação de certificados de vacinação contra a covid-19, incluindo para Bolsonaro.

Mas em áudios de conversas telefônicas publicadas na quinta-feira pela revista Veja, Cid critica o juiz responsável pelas investigações, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e a Polícia Federal, acusando-os de pressioná-lo para fornecer a informação que eles querem ouvir.

“O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, diz a gravação, divulgada pela Veja.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi convocado nesta sexta-feira para uma audiência no STF e posteriormente enviado à prisão, por “descumprimento das medidas cautelares e obstrução de Justiça”, confirmou à AFP a assessoria do tribunal.

Pela suposta trama golpista, cerca de trinta militares e ex-funcionários do governo foram convocados para depor, incluindo dois ex-comandantes das Forças Armadas, que acusaram Bolsonaro de buscar “mecanismos” para evitar a posse de Lula.

Em relação ao caso dos supostos certificados de vacinação, a polícia recomendou esta semana à Justiça que Bolsonaro seja acusado.

O ex-presidente já ficou inelegível politicamente por oito anos em 2023 por desinformar sobre o sistema de votação eletrônica no Brasil.

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