Preso por obstrução da Justiça neste sábado, 14, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto teria atuado para obter informações sobre o acordo de colaboração premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid. Segundo a Polícia Federal, o general de quatro estrelas estaria tentando “consolidar o alinhamento de versões entre os investigados” no inquérito de uma suposta trama golpista para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As informações constam na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a prisão de Braga Netto. Ainda conforme o documento, o ex-ministro teria tentado obter dados da delação por meio de familiares de Mauro Cid, além de tentar “controlar o que seria repassado à investigação”.
A Polícia Federal destacou ainda que durante a Operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro deste ano, foi encontrado na sede do PL, sob a mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor de Braga Netto, um documento com perguntas e respostas a cerca da colaboração premiada de Cid.
De acordo com Alexandre de Moraes, Mauro Cid confirmou em uma oitiva antes da operação Tempus Veritatis que Braga Netto tentou obter detalhes da delação.
Na decisão, Moraes ressalta ainda que em uma nova oitiva de Mauro Cid em 21 de novembro deste ano, o delator trouxe novos elementos sobre a atuação de Braga Netto na trama golpista.
Plano de golpe de Estado
Braga Netto é alvo da investigação da PF que indiciou também Bolsonaro e mais 35 acusados por golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Entre os indiciados, estão ex-ministros do governo Bolsonaro, ex-comandantes do Exército e da Marinha, militares da ativa e da reserva e ex-assessores do ex-presidente.
A investigação da PF também aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou de “forma direta e efetiva” no planejamento de um golpe de Estado em 2022.
O documento foi encaminhado ao STF e teve seu sigilo derrubado por Alexandre de Moraes.
O relatório foi enviado para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão responsável por avaliar as provas e decidir se denuncia ou não os investigados.
* Com informações da DW