Um dos principais envolvidos no esquema de pagamento a parlamentares pelo governo petista que ficou conhecido como mensalão, o publicitário e empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, de 57 anos, se casou na sexta-feira 26 com a baiana Aline Couto Chaves, de 25 anos. A cerimônia foi realizada em um cartório de Sete Lagoas, município de Minas Gerais em que Valério cumpre pena na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac). O casal mantém um relacionamento desde 2013. Na ocasião, o publicitário já havia se separado, embora não oficialmente, da primeira mulher, Renilda Fernandes, de quem se divorciou em outubro de 2016. Inicialmente marcado para dezembro daquele ano, o matrimônio precisou ser adiado até que o noivo estivesse em um cárcere de melhores condições para a cerimônia. Desde 2014, quando foi preso, Marcos Valério cumpria pena na Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais. Em julho de 2017, foi transferido para a Apac de Sete Lagoas, onde não precisa usar uniforme de presidiário.

O casamento ocorreu de forma discreta e nenhuma imagem foi divulgada. O pouco que se sabe sobre a noiva diz respeito a uma briga em que ela se envolveu com Renilda. Ambas protagonizaram uma disputa por uma das propriedades mais importantes do operador do mensalão, uma fazenda avaliada em R$ 6,5 milhões em Caetanópolis, a 120 quilômetros de Belo Horizonte. Os bens de Valério foram bloqueados desde 2005, mas ele conseguiu manter uma parte de sua fortuna longe da justiça, incluindo a Fazenda Santa Clara, por meio de um contrato de arrendamento com o empresário Benito Porcaro. Na época, o divórcio ainda não havia sido concluído e Renilda era detentora dos bens da família. Do outro lado, Aline afirmava ter direito à fazenda por ser a companheira de Valério. O caso foi parar na polícia.

Redução de pena 

O nome de Marcos Valério ficou conhecido em 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) expôs o mensalão, um esquema de compra de votos durante o governo Lula. Valério era o operador do mensalão, junto com Delúbio Soares, tesoureiro do PT, e operava sob as regras de José Dirceu, ministro da Casa Civil. Inicialmente, o publicitário negou seu envolvimento, mas acabou confirmando sua participação no esquema, e disse que o dinheiro era usado para financiamento de campanhas eleitorais.Com o fim do julgamento do mensalão, em dezembro de 2012, o ministro e então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, anunciou a sentença de Marcos Valério: 40 anos, quatro meses e seis dias, além de multa de R$ 3 milhões, pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. O STF julgou e aceitou embargos infringentes para o crime de quadrilha, e a pena de Valério diminuiu para 37 anos, cinco meses e seis dias. Valério é réu da Lava Jato desde maio de 2016, na fase Carbono 14, um desdobramento dos casos do mensalão e de Celso Daniel.


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