Matheus Nachtergaele, 56 anos, se emocionou durante o “Lady Night”, do Multishow, da última segunda-feira, 11. O ator relembrou João Grilo, seu personagem em “Auto da Compadecida” (1999), que voltará para o cinema em 25 de dezembro deste ano, na sequência do longa.

Tendo feito sucesso ao lado do parceiro, Chicó (Selton Mello), o sertanejo logo ganhou a simpatia do público, e também de seu intérprete. O artista, inclusive, entregou que o coração bateu mais rápido ao receber o convite do diretor do longa, Guel Arraes, para dar vida à atrapalhada figura novamente.

“Acho o Grilo o melhor personagem cômico já escrito na dramaturgia do Brasil. Claro que tem coisas incríveis, comédias incríveis, comediantes incríveis, como você [Tata Werneck]. Quando o Guel me chamou, eu fiquei em pânico. E quando eu conheci o Ariano, depois da estreia do filme, fiquei mais em pânico ainda”, confessou, aos risos.

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Nachtergaele disse ainda que, mesmo com a boa repercussão da história, ainda faltava a ele a aprovação e “bênção” de Ariano Suassuna – autor responsável pela peça de teatro que deu origem ao filme.

“Fui à casa dele [Ariano Suassuna], e ele não me elogiava. Ator carente, estava doido para ele dizer: ‘Gostei do seu Grilo’. Não precisava dizer ‘super Grilo’, ou ‘ótimo Grilo’, ou ‘bom Grilo’. Dona Zélia, esposa dele, percebendo que eu estava triste, me chamou para tomar um suco na cozinha. Ela falou assim: ‘Olha, ele adorou. Ele não vai falar aqui, porque ele é muito educado, e não se elogia pessoas na frente das outras'”.

“Quando acabou tudo e a gente estava indo para o carro, ele falou: ‘Espera um pouquinho: para você!’. Quando eu abri o CD, tinha uma carta dele. […] Aí ele elogiou, na carta, e tal. Foi legal!”, contou, emocionado.

Logo depois, o artista relembrou que a inspiração para João Grilo não surgiu de primeira: foi preciso o início das filmagens para o pontapé inicial na construção do personagem.

“Não conseguia fazer nos ensaios, e o Guel estava bem preocupado. Aí, quando a gente chegou a Cabaceiras, conheci um cara que era o João Grilo. Ele era considerado o doido da cidade, ninguém dava atenção a ele. Dentro da loucura dele, ele era muito inteligente, dizia coisas incríveis. E isso tinha ficado na minha mente”, afirmou.

“O Grilo tinha que ser aquele para quem você não dá nada, um cara que você olha e despreza de cara. Mas que, no fundo, no fundo, seja melhor que você”, concluiu.