Não é novidade que a maternidade resulta em uma série de mudanças físicas, emocionais e na rotina das mulheres. Segundo um estudo realizado pelo Centro Médico da Universidade de Amsterdã, publicado na revista científica Nature Communications, a gravidez pode causar, ainda, alterações no cérebro.

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“A gravidez leva a mudanças seletivas e robustas na arquitetura neural e na organização da rede neural”, destaca o estudo. Conforme a publicação, isso ocorre devido aos hormônios esteroides no corpo da mulher, e não tem relação com outros fatores, como estresse e sono, por exemplo.

“Esses achados sugerem que existem modificações seletivas relacionadas à gravidez na estrutura e função cerebral, que podem facilitar os processos maternos periparto de relevância fundamental para a díade mãe-bebê”, explicam os pesquisadores.

Segundo o neurocientista Fabiano de Abreu, essas mudanças colaboram para o “instinto” de proteção materna. Os resultados do estudo “convergem para a modulação da mulher para se tornar uma mãe. Por exemplo, a falta de memória, que muitas relatam, é fruto da atenção mais direcionada ao bebê, que a faz notar menos detalhes externos a ele”, esclarece o profissional.

Ainda com base no estudo, Fabiano conclui: “As alterações mais intensas foram notadas no córtex pré-frontal medial, área do cérebro responsável pelo desenvolvimento de planos e objetivos, o que indica que o cérebro da mãe se molda para coordenar melhor suas habilidades em prol de um objetivo: proteger o bebê e compreender melhor os seus sinais”.