ROMA, 14 FEV (ANSA) – O ator italiano Marcello Mastroianni ganhou a fama de grande amante e até de símbolo sexual com sua atuação no clássico “A Doce Vida”, do cineasta Federico Fellini, no qual contracenou com a bela Ingrid Bergman. No entanto, o artista “não gostava que o chamassem assim e fez tudo o possível para que esquecessem essa imagem”, afirmou o especialista em cinema italiano Jean Gili.
Durante a coletiva de imprensa em Roma “Marcello Mastroianni, 20 Anos Depois”, o crítico, que publicou um livo de imagens do artista em outubro do ano passado, disse que é difícil explicar qual era o segredo do ator para ter realizado tão bem seu trabalho até sua morte, que se deu em 1996, ressaltando que “Marcelo era Marcelo, bastava que estivesse presente para assumir qualquer papel”.
Segundo Gili, a formação teatral de Mastroianni o ajudou muito “quando estava filmando ‘Henrique IV’ de Luigi Pirandello”, por exemplo. “O diretor Marco Bellocchio estava preocupado por uma cena na qual o ator deveria recitar um comprido monólogo sem interrupções, mas ele o fez de imediato e sem dificuldade, o deixando estupefato. Com a mesma facilidade ele recitava o francês”, disse o crítico.
Já o presidente do comitê parisiense da sociedade Dante Alighieri, Michele Canonica, que conhecia o italiano, afirmou que Mastroianni “continuou atuando poucos meses antes da sua morte, inclusive quando sofria muito”. “Tinha uma profunda dedicação e um grande respeito pelo público”, explicou Canonica.
Para o presidente da associação, o ator era “um homem extremamente simpático e comunicativo, não era soberbo e se podia falar sobre tudo com ele”.
Sobre isso, Gili comentou sobre a amizade de Mastroianni com cineastas como Fellini, Elio Petri e Ettore Scola. “Ettore é o diretor com o qual ele [o ator] mais fez filmes, nove, e entre eles havia uma relações de iguais”, afirmou o crítico, que relembrou a gravação do filme “Splendor”, na qual “Marcello estava muito contente porque os camponeses lhe traziam todos os dias um bom azeite para levar para Roma”.
Mastroianni tenha “um verdadeiro interesse pelas pessoas” e nem no seu último longa que fez antes de falecer, a “Viagem ao Princípio do Mundo”, quando já estava doente, quis usar um dublê para as cenas mais agitadas e ficou junto dos outros atores até o fim das filmagens.
No entanto, Gili apontou que o único defeito do ator é que ele tinha uma “obsessão pelo telefone”. Sobre o assunto, a atriz Laurentina Guidotti, que trabalhou com o italiano e com Giulietta Masina em “Ginger e Fred”, contou que “era incrível, ele era amigo de todos, desde os colegas atores até a figurinista”.
Além disso, o crítico disse que quer pedir à prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que coloque uma placa na casa na Rue de Seine onde Mastroianni viveu uma boa parte da sua vida e onde morreu.
“Parece-me uma devida homenagem”, disse Gili. (ANSA)