Massacre em Benue, na Nigéria, deixa ao menos 150 mortos

Homens armados atacaram e queimaram casas em local situado no cinturão médio nigeriano, região conhecida por conflitos entre agricultores e pastores; Anistia Internacional pede ação do governo contra violência.Homens armados mataram pelo menos 150 pessoas no povoado de Yelewata, no estado de Benue, na Nigéria, na noite de sexta-feira (13/06), informou a agência de notícias AP, citando sobreviventes do massacre.

Nesta segunda-feira (16/06), moradores ainda reviravam os restos de suas casas queimadas, contando os mortos e buscando por dezenas de pessoas ainda desaparecidas.

Os relatos da comunidade e do sindicato local de agricultores são de que a comunidade foi atacada por um grupo que atirou contra contra as pessoas e ateou fogo às suas casas. Muitos dos mortos haviam se abrigado em um mercado após fugir da violência em outras partes de Benue.

"Muitas pessoas continuam desaparecidas… dezenas ficaram feridas e sem atendimento médico adequado. Muitas famílias foram trancadas e queimadas em seus quartos", disse a organização de direitos humanos Anistia Internacional em uma publicação feita no sábado nas redes sociais.

O porta-voz da polícia de Benue, Udeme Edet, confirmou o ataque, mas não especificou o número de mortos. Não ficou imediatamente claro quem foi o responsável pelo ataque.

O governador do estado de Benue, Hyacinth Alia, enviou uma delegação a Yelewata para prestar apoio aos familiares das vítimas.

Violência no cinturão médio

O estado de Benue fica no chamado cinturão médio da Nigéria, que divide o norte, de maioria muçulmana, e o sul, de maioria cristã.

A região é palco de embates frequentes entre agricultores e pastores pelo acesso a terras e recursos hídricos, violência agravada por tensões étnicas e religiosas, e abriga grande parte dos deslocados internos do país.

Desde 2019, os conflitos mataram mais de 500 pessoas e deslocaram milhares, segundo dados da consultoria nigeriana de pesquisa geopolítica SBM Intelligence.

No mês passado, homens armados, supostamente pastores, mataram pelo menos 20 pessoas no distrito de Gwer West, em Benue. Em abril, 40 foram mortos no estado vizinho de Plateau.

A Anistia Internacional na Nigéria disse que o ataque "demonstra que as medidas de segurança que o governo afirma implementar no estado [de Benue] não funcionam", e destacou que "dezenas de feridos ficaram sem cuidados médicos adequados" e que um grande número de pessoas permanece desaparecido.

A Anistia insistiu que as autoridades nigerianas devem pôr imediatamente fim à "alarmante escalada de ataques no estado de Benue", onde "o derramamento de sangue é quase diário" e onde massacres como o de sábado são perpetrados "com total impunidade".

sf/ra (DW, Lusa, AP)