As brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram a medalha de ouro na classe 49ER FX da vela nos Jogos Olímpicos Rio-2016.

Martine, 25 anos e filha de Torben Grael, e Kahena, também de 25 anos, venceram a regata das medalhas, disputada nesta quinta-feira na Baía de Guanabara.

Nesta última regata, a famosa ‘Medal Race’, a pontuação era dobrada. Quem chegasse em primeiro perderia dois pontos, em segundo perderia quatro, e assim por diante. Para ficar com o ouro, Martine e Kahena precisavam chegar na frente de três barcos adversários.

As brasileiras alcançaram o objetivo, cruzando a linha de chegada em primeiro lugar apenas dois segundos à frente das neozelandesas Alex Maloney e Molly Meech. Elas terminaram a competição com 48 pontos, contra 51 da dupla da Nova Zelândia.

As dinamarquesas Jena Hansen e Katja Steen Salskov-Iversen chegaram na 4ª colocação e levaram o bronze, com 54 pontos perdidos.

Com a valiosa ajuda de Kahena, Martine se tornou a terceira integrante da família Grael a conquistar uma medalha olímpica, a oitava da família no geral.

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O pai, Torben Grael, é dono de cinco medalhas em Olimpíadas, incluindo duas de ouro na classe Star (Atlanta-1996 e Atenas-2004), enquanto o tio Lars tem dois bronzes no currículo (Seul-1988 e Atlanta-1996).

A medalha conquistada por Martine e Kahena no último dia de competições salvou a participação nos Jogos Rio-2016 da vela brasileira, que ainda não tinha subido ao pódio na Olimpíada disputada em casa. Desde Atlanta-1996 o iatismo conquista ao menos uma medalha para o Brasil.

Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas e uma das grandes esperanças de pódio do país, terminou a competição da classe Laser na 4ª colocação.

Ao chegar em terra firme logo após a regata final, as campeãs olímpicas foram recebidas em festa pela família e pelo próprio Scheidt, que fez questão de dar um abraço nas novas rainhas da vela brasileira.

Após a cerimônia de premiação, as duas jovens velejadoras foram comemorar com a torcida brasileira, que lotou as areias do Aterro do Flamengo para prestigiar o evento.

Martine e Kahena deram uma volta olímpica em torno do pódio com uma bandeira do Brasil, levando o público à loucura.

– Ouro suado –

Martine e Kahena chegaram à regata da medalha empatadas na primeira posição com as espanholas Tamara Echegoyen e Berta Betanzos, e as dinamarquesas Hansen e Salskov-Iversen. A briga pela ouro, porém, foi com a dupla da Nova Zelândia.

As brasileiras, que sempre estiveram entre as três primeiras colocadas na regata e praticamente tinham garantindo a medalha de prata, não se deram por satisfeitas e correram atrás do ouro.

Após passagem pela penúltima marca, Martine e Kahena apareciam na terceira colocação, 13 segundos atrás das neozelandesas.

A solução foi mudar a estratégia para tentar tirar a diferença na reta final.


Com leitura perfeita do vento, as brasileiras escolheram caminho diferente das italianas, que lideravam a prova até então, e das neozelandesas, que se preparavam para dar o bote nas líderes, na quarta boia.

“Na verdade a gente só realizou que deu mesmo quando cruzou a linha, porque a gente está na regata, está no jogo, tudo pode acontecer”, disse Martine.

“E depois no segundo contravento a gente foi para a esquerda com pressão, sabia que a gente ia voltar com pressão, e eu fiquei muito feliz já voltando perto das neozelandesas. Quando a gente conseguiu cruzar na frente falei ‘é essa a oportunidade’ e aí deu até um nervoso na última manobra, achei que fosse errar alguma coisa, mas acabou que deu tudo certo”, completou.

O que se viu em seguida foi um duelo à distância e no qual a aposta brasileira acabou sendo certeira. A 500 metros da chegada, Martine e Kahena assumiram o primeiro lugar e cruzaram a linha de chegada apenas dois segundos à frente do barco da Nova Zelândia, garantindo um dos ouros mais emocionantes dos Jogos Rio-2016.

A festa foi grande na areia.

“Não esperava uma comemoração tão grande, eu amei, todos os meus amigos estavam aqui, representaram a gente na torcida. Na regata eu não pensei em nada, só escutei quando cruzei a linha de chegada. Olhei em volta, e disse ‘Caraca, irado'”, revelou Martine.

fp/am


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