Dois dias depois de Robert Scheidt ser frustrado na tentativa de se tornar o brasileiro com o maior número de medalhas olímpicas, Martine Grael e Kahena Kunze impediram que a vela passasse em branco nos Jogos do Rio, ao conquistar nesta quinta-feira a medalha de ouro na classe 49er FX.

Martina é filha de Torben Grael, outro grande velejador que está justamente empatado com Scheidt no ‘ranking’ dos mais vitoriosos: os dois somam cinco medalhas cada.

Para Martine e Kahena, de apenas 25 anos, pode ser a primeira de muitas. Feliz da vida com essa conquista para o iatismo do país, Scheidt foi um dos primeiros a abraça-las quando chegaram em terra firme.

No total, o Brasil já soma quatro medalhas de ouro. Antes de tocar na Marina da Glória, para as velejadoras campeões, o hino nacional foi ouvido no pódio para celebrar as conquistas de Rafaela Silva, do judô, Thiago Braz, do salto com vara, e Robson Conceição, da categoria peso leve do boxe.

Scheidt e Grael ainda têm boa margem no topo do ranking, mas correm risco de ser utrapassados no futuro por um garoto de 22 anos: Isaquias Queiroz, novo fenômeno da canoagem.

No C1 200 m, o baiano superou uma largada desastrosa e fez grande corrida de recuperação para arrancar o bronze, dois dias depois de ter levado a prata no C1 1000, primeira medalha da história do país na modalidade.

Isaquias já deixou claro que pretende sair do Rio com três medalhas no peito e há boa expectativa para que complete sua coleção: no sábado, o ouro está ao seu alcance, no C2 1000, prova na qual já levou o ouro no Mundial de Milão-2015, ao lado de Erlon Silva.

Se continuar nesse ritmo, pode igualar ou até superar Grael e Scheidt na próxima Olimpíada, em Tóquio-2020.

Na luta olímpica, Aline Silva também poderia ter quebrado um tabu ao se tornar a primeira medalhista brasileira da sua modalidade, mas acabou derrotada nas quartas de final da categoria até 75 kg pela russa Ekaterina Bukina.

A FAÇANHA

Isaquias Queiroz não para de impressionar. Mesmo quando tudo parece estar perdido, ele ainda consegue tirar um coelho da cartola para garantir mais um pódio. Na Lagoa Rodrigo de Freitas, cartão postal da Cidade Maravilhosa, o baiano arrancou o bronze ao ‘chutar’ o barco ao cruzar a linha de chegada, um movimento para tentar projetar a embarcação. Foi uma manobra de desespero, tanto que o atleta nem achava que fosse dar certo. Por alguns segundos, Isaquias parecia estar com muita raiva, dentro da água, lamentando a medalha que achava ter perdido. Quando o resultado oficial apareceu no telão, porém, foi só alegria, tanto que ele quebrou o protocolo resolveu correr para os braços do público.

A DECEPÇÃO

Aline Silva era vista como a grande esperança da luta olímpica, modalidade em busca de visibilidade que sonhava numa medalha olímpica da sua principal representante para alçar voos mais altos. Aline já é uma pioneira: foi a primeira a ganhar uma medalha em um Mundial, com a prata em Tashkent, no Uzbequistão. Na Arena Carioca 2, a lutadora estreou com vitória difícil sobre a japonesa Rio Watari, mas foi derrotada pela russa Ekaterina Bukina nas quartas de final. Restava torcer para que Bukina chegasse à final para continuar sonhando com o bronze. A russa estava com luta ganha a poucos segundos do fim, mas perdeu de virada para a cazaque Guzel Manyurova, que tirou definitivamente Aline da disputa e acabou ficando com a prata.

AS FRASES

“Não esperava uma comemoração tão grande, eu amei, todos os meus amigos estavam aqui, representaram a gente na torcida. Na regata eu não pensei em nada, só escutei quando cruzei a linha de chegada. Olhei em volta, e disse ‘Caraca, irado'”, vibrou Martine Grael, depois de conquistar a medalha de ouro na classe 49er.

“Estou muito feliz com essa conquista, mas não estou satisfeito com duas medalhas. Agora eu vou em busca da terceira, eu quero mais”, avisou Isaquias Queiroz, depois de levar o bronze na canoagem C1 200 m.

“A gente classificou por tempo, mas um excelente tempo. O mais difícil é a semi, quando vocês está um pouco nervoso, ansioso para chegar à final”, disse Bruno Lins, depois da equipe brasileira de revezamento 4×100 m garantir a vaga para a final, que deve ser a última prova olímpica da carreira do superastro Usain Bolt.

A HISTÓRIA

O revezamento 4×100 m feminino se envolveu em uma das maiores polêmicas do dia. Tido como esperança de medalha, ficou fora da final por terminar apenas com o nono tempo da semifinal. Mas a história não se limita a essa decepção. A equipe brasileira não contou com Ana Cláudia Lemos, que está com uma lesão no joelho direito, o que resultou na entrada de Kauiza Venâncio na equipe e em uma mudança na ordem das atletas. Na segunda passagem Kauiza esbarrou involuntariamente na americana English Gardner, que não conseguiu pegar o bastão de Allyson Felix.

A equipe americana ficou oficialmente desclassificada por quase uma hora, mas a Confederação Americana de Atletismo apresentou um recurso por conta do toque e foi atendida. Ganhou o direito de correr novamente, sozinha, na mesma raia, no início da sessão noturna, e acabou sendo ‘repescada’ com o o melhor tempo. Para o Brasil, mudaram apenas os termos: fora por não ter obtido a marca necessária, a equipe foi oficialmente desclassificada por conta do incidente. A equipe masculina, que vinha sendo bem menos badalada que a feminina, fez o dever de casa e avançou para a final.

lg