A candidata do PMDB à Prefeitura de São Paulo, senadora Marta Suplicy (SP), afirmou nesta segunda-feira, 8, em entrevista à TV Estadão, que ela e seu vice, Andrea Matarazzo (ex-PSDB e hoje no PSD) entrarão nesta campanha municipal “com o melhor” de suas antigas legendas. Na sua avaliação, o PT lhe ensinou princípios e prioridade para as minorias. Contudo, reiterou que se chocou com a cúpula petista, que jogou por terra tais princípios éticos. Indagada se tem a mesma avaliação de seu atual partido, o PMDB, que entra agora também no foco das investigações da Lava Jato, Marta frisou: “Ajudei a fundar o PT, não fundei o PMDB”, reiterando que apoia essas investigações “como toda a população” porque não há melhor ou pior no País.

Ao falar sobre sua nova legenda, Marta Suplicy destacou ter clareza da “sistematização da corrupção no PT”, mas não tem essa clareza com relação ao PMDB. E disse que a cúpula petista já foi implicada nas investigações da Lava Jato, citando a prisão de ex-tesoureiros do partido. “(O PT) tem réus na Lava Jato, temos de esperar as investigações (para saber dos implicados de outras siglas.”

A candidata voltou a justificar a aliança com Andrea Matarazzo, de quem era adversária política até algum tempo atrás, pois ela militava no PT e ele no PSDB, partidos opositores. “É preciso olhar para a frente, na política temos de pensar na convergência e não olhar pelo retrovisor”, disse, utilizando uma expressão muito utilizada pelo governador tucano Geraldo Alckmin (PSDB) em seus discursos, principalmente os eleitorais. “O acordo com Matarazzo está sendo muito bom porque descobrimos muitas convergências”, emendou.

Apesar das críticas ao PT, destacando que a corrupção nessa sigla vinha de cima para baixo, ou seja da cúpula, ela disse que os votos dos militantes petistas à sua campanha são muito bem-vindos. E justificou: “Uma coisa é a cúpula do partido (implicada nos desvios e corrupção da Petrobras), outra coisa é o votante, o militante que não tem nada a ver com toda essa corrupção.”

Marginais

Marta Suplicy garantiu que, se eleita, irá reverter os índices de velocidade impostos pelo atual prefeito e candidato à reeleição pelo PT, Fernando Haddad. E justificou que pretende acabar com a chamada indústria da multa criada, segundo sua avaliação, pela gestão petista. “Vamos tirar os radares que (Haddad) colocou pra fazer pegadinhas com o motorista.” A peemedebista disse também que não vai criar taxas e nem impostos na cidade, se vencer o pleito de outubro deste ano. Quando foi prefeita da cidade, no início dos anos 2000, ela ganhou o apelido de “Martaxa” de seus adversários, por ter criado novos tributos, como as taxas de lixo e da luz.

Na entrevista à TV Estadão, a peemedebista criticou também a gestão de Haddad na área de transporte, dizendo que o atual prefeito desregulamentou todo o transporte público na cidade. Mas, reconheceu que tecnologia não tem volta, ao falar do Uber. E continuou com as críticas ao petista: “Não tem sentido taxi pagando ‘um x’ para ter alvará e depois ter um sistema circulando que não exige isso.” E sugeriu desburocratizar as licenças de táxi e fazer um padrão para todos os motoristas desses serviços. Sobre mobilidade, Marta disse que as ciclovias vieram para ficar na cidade, porém, algumas precisam ser revistas porque foram feitas sem critério.

Marta criticou ainda a política de Haddad para a Cracolândia, dizendo que vai acabar com esse projeto. Sua proposta é criar centros de abstinência para os usuários e também para quem tem transtorno mental. “Temos de acolher essas pessoas. Com relação ao crack, percebi que a espiritualidade tem papel fundamental na recuperação, seja em que igreja for. Vamos potencializar o que já está funcionando com sucesso.” E falou sobre as áreas de mananciais em São Paulo que, na sua avaliação, precisam ser “urgentemente” recuperadas, com a retirada das atuais invasões.

Impeachment

Após falar à TV Estadão, Marta Suplicy concedeu entrevista à Rádio Estadão e disse crer que o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) será aprovado por ampla maioria pelo plenário do Senado Federal. A senadora disse que tinha respeito e acreditava em Dilma Rousseff, tanto que a acompanhou quando ela enfrentou o câncer, mas quando percebeu que ela não tinha mais condições de fazer uma boa gestão na Presidência da República, resolveu romper com o governo petista e com o próprio PT.