Marjorie Estiano, 42 anos, marcou presença na estreia de seu mais novo filme, “Precisamos Falar”, dirigido por Pedro Waddington e Rebeca Diniz, na noite de quinta-feira, 18, no primeiro dia da 48ª Mostra Internacional de Cinema de SP, realizada em 29 salas de cinemas da capital paulista.

Em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Gente, a atriz refletiu sobre interpretar uma personagem negacionista e controvérsia nas telonas, papel que traz muitas nuances diferentes da sua personalidade, e aproveitou para comentar sobre sua nova parceria com Alexandre Nero, 54 anos, na ficção.

O último sucesso dos dois foi na novela “Império” (2014-2015), da TV Globo, com os personagens Cora e o Comendador José Alfredo. Agora, os dois formam o casal Sandra e Paulo, que tenta esconder um assassinato cometido pelo filho adolescente, Michel (Thiago Voltolini).

“Foi um processo de atualização [risos], porque a gente não se via [trabalhando junto] desde 2014, quando foi a novela. Então, foi interessante perceber o nosso amadurecimento, o dele, o meu, ele com dois filhos, que antes não tinha nenhum [risos], e vivendo outras coisas na vida, foi um reencontro”, declarou em tom de celebração pelo novo projeto com o amigo.

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Ao ser questionada sobre a preparação para a personagem em “Precisamos Falar”, Marjorie destacou que dar vida a Sandra foi um desafio pela complexidade de suas atitudes. Entretanto, não foi difícil encontrar tais características no seu dia a dia, pois boa parte da sociedade brasileira carrega comportamento semelhante.

“Não faltou material [para compor a Sandra], especialmente nesses últimos anos. Pessoas que pensam o mundo como a minha personagem estão muito acessíveis. É um momento em que essa perspectiva de mundo foi endossada…  meritocracia, individualismo, zero empatia, narcisismo absoluto, e é nisso que a gente acredita, então não faltou material mesmo”, declarou.

Marjorie Estiano celebra novo trabalho com Alexandre Nero e critica personagem negacionista
Alexandre Nero e Marjorie Estiano em cena de “Precisamos Falar” (Crédito:Divulgação)

Estiano afirmou ainda que, embora esteja muito nítido entre a população quem são pessoas extremistas, que não pensam no coletivo, assim como Sandra, a abordagem do filme continua sendo impactante.

“A gente não deixa de se surpreender com esse tipo de pensamento, esse individualismo, que não tem empatia com o outro, nos papéis de gênero, que o papel do homem é esse, o papel da mulher é aquele. Acho interessante que a gente consiga dialogar. Foi um exercício me aproximar desse tipo de perspectiva”, completou ela, destacando que, apesar das diferenças com Sandra, existe um lugar em comum entre elas, por menor que seja.

“Ela é apaixonada pelo filho, apaixonada pelo marido, cuida de todos eles, daqueles que ela ama, daquele núcleo ali, o que importa é aquele grupo e de resto é cada um por si. Ela concorda que foi um crime, mas justifica, né? Agora, o problema mesmo é a aflição de entregar o filho para um sistema que é falho”, argumentou.

“O filme vem nessa provocação de um conflito mundial que a gente está vivendo, dessa polarização, de lados extremos e a necessidade de se dialogar, de se entrar em alguma forma”.

Marjorie Estiano celebra novo trabalho com Alexandre Nero e critica personagem negacionista
Filme “Precisamos Falar” está em cartaz na 48ª Mostra de Cinema SP (Crédito:Divulgação)