03/04/2024 - 12:23
Mergulhadores da Marinha do Brasil, em ação conjunta com agentes da Polícia Federal, localizaram 212 quilos de cocaína na caixa de mar, compartimento submerso responsável pelo resfriamento de motores, de um navio mercante que tinha como destino a Alemanha. A apreensão aconteceu no Porto de Santos (SP), maior terminal portuário do hemisfério sul, nesta terça-feira, 2.
Conforme mostrou o Estadão, o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem escondido volume cada vez maior de cocaína em cascos de navios para driblar as autoridades. A escolha por esse local das embarcações passou a ser visada pela dificuldade atribuída na fiscalização dos compartimentos submersos em comparação a contêineres, por exemplo, que passam por scanners já na chegada aos terminais.
Os portos são a principal rota de saída de entorpecentes rumo a África e Europa.
Investigações apontam que, em geral, os pacotes com cocaína que são escondidos nos navios são levados de duas formas: por pequenas lanchas, que se movimentam principalmente à noite com luzes apagadas, ou por mergulhadores, que saem de áreas de mata ou de embarcações mais afastadas.
De acordo com balanço da Marinha divulgado pelo Estadão, 1,68 tonelada de cocaína foi apreendida em cascos de navios no Porto de Santos por mergulhadores militares no último ano. O número representa o triplo do total apreendido em 2020, 483 quilos.
Na mesma linha, a incidência de tráfico submarino também apresenta crescimento segundo dados da Alfândega de Santos reunidos pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP. Em 2020, 2,3% da droga apreendida era encontrada em cascos de navio. Já em 2023, só até agosto, o número subiu para 13,5%.
Desde o dia 6 de novembro do ano passado, cerca de 1.900 militares da Marinha estão empregados no fortalecimento das ações de prevenção e repressão de delitos, como o tráfico de drogas e de armas, em São Paulo e Rio de Janeiro. As ações estão no âmbito da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), prevista para durar até o próximo dia 3 de maio.
A expectativa é que os trabalhos sejam estendidos após esse prazo com a inclusão de outros portos brasileiros, como o de Paranaguá (PR), que costuma ser o 2º em apreensão de cocaína no Brasil. O Estadão acompanhou um dia de trabalho da Marinha durante a Operação.
A cooperação com outros órgãos, como PF, Receita e Guarda Portuária, é apontada pela Marinha como central para o êxito na escolha dos alvos. A Polícia Civil também participa de operações conjuntas.
Colaborou Italo Lo Re