Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, destoou da posição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, 31, ao afirmar que a Venezuela não vive sob um regime democrático e cobrar provas de transparência da eleição presidencial no país.
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No domingo, 28, Nicolás Maduro foi reeleito presidente do país pela segunda vez, um resultado contestado por lideranças de outras nações e entidades internacionais. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores não reconheceu a vitória do político chavista, mas saudou o “caráter pacífico” do pleito.
A ministra elogiou o posicionamento: “Um regime democrático pressupõe que as eleições são livres, que os sistemas são transparentes, que não haja nenhuma forma de perseguição política ou tentativa de inviabilizar com que os diferentes segmentos da sociedade, que legitimamente têm o direito de pleitear, cheguem ao poder. Que não venham a sofrer qualquer tipo de constrangimento ou impedimento”, disse, em entrevista ao site Metrópoles.
Lula não confronta Maduro
Na última terça-feira, 30, Lula disse que não há “nada de grave ou anormal” com as eleições venezuelanas e condicionou a entrega das atas ao reconhecimento do resultado que deu vitória a Maduro sob suspeitas de fraude eleitoral.
O governo Maduro controla os órgãos eleitorais e o Judiciário no país e, durante a corrida, María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, teve seus direitos políticos cassados pela Suprema Corte local.
“Quando se trata de política externa, o governo está correto em buscar as cautelas necessárias. Mas a cobrança foi veemente. O fato de fazer essa cobrança é uma forma de colaborar com o fortalecimento da democracia no nosso continente, e de que a gente não tenha nenhum tipo de atitude que venha extrapolar esse princípio. Eu sempre trato a democracia, os direitos humanos, como um valor. E valores não podem ser relativizados”, afirmou Marina Silva.