Contratado na atual janela de transferências para reforçar a Inter de Milão, após cinco temporadas no Borussia Mönchengladbach, da Alemanha, o atacante francês Marcus Thuram tem jogadores brasileiros que vestiram a camisa interista como referência. Aos 25 anos, ele se inspira em Adriano e reconhece a grandeza de Ronaldo, nome que costumava custar noites de sono a Lilian Thuram, lenda do futebol francês e pai de Marcus.

Em entrevista ao repórter Davide Stoppini, do jornal italiano Gazetta Dello Sport, o atacante foi direto ao responder quem era seu ídolo. “Adriano, o atacante mais completo de todos. Ele sabia como fazer tudo, sempre me inspirei nele”, afirmou. O jornalista se surpreendeu e disse ter pensado que a resposta seria “Ronaldo, o Fenômeno”, mas Marcus explica, em tom de brincadeira: “Bom, eu não posso nem mesmo pensar no Ronaldo. Meu pai não dormia durante toda a semana antes de enfrentá-lo. Eu me lembro muito bem do Ronaldo.”

Diferentemente de Ronaldo, Adriano e do próprio filho, Lilian Thuram jogou na Juventus, rival da Inter, no início dos anos 2000, e teve embates com Ronaldo, que defendeu o time de Milão entre 1997 e 2002. Os dois se encontraram em outras ocasiões, inclusive defendendo suas respectivas seleções em Copas do Mundo, mas o francês levou a melhor, tanto na final de 1998, após a famosa convulsão do Fenômeno, quanto nas quartas de 2006.

Embora carregue o sobrenome de um campeão e se inspire artilheiros brasileiros, Thuram ainda tem de se provar com a camisa de um gigante. Após dar os primeiros passos no futebol francês com as camisas de Sochaux e Guingamp, passou a ter mais visibilidade quando chegou ao Mönchengladbach. Na última temporada, teve 16 gols e sete assistências em 32 jogos. Questionado sobre o peso de vestir a camisa 9 da interista, mostrou naturalidade.

“Isso não me incomoda muito, sabe por quê? Porque quando você veste a camisa da Inter , são as cores que pesam, não o número. Se tivesse escolhido o número 99 teria sido o mesmo: continua a mesma grande responsabilidade. Já usei muitos números na minha carreira. Quando o número 9 estava disponível, peguei sem hesitar”, disse.

Marcus Thuram ainda falou sobre o racismo presente no futebol italiano. Na temporada passada, o belga Romelu Lukaku, da Inter, por exemplo, foi alvo de ofensas racistas em mais de uma oportunidade. Para Marcus, que tem este nome em homenagem ao ativista jamaicano Marcus Garvey e apoiou em campo o movimento “Black Lives Matter”, o essencial é ter uma postura combativa.

“Não, nem por um segundo”, disse o jogador ao responder se o racismo do país o fez pensar em não aceitar a proposta. “Você sabe por quê? Porque no momento em que se torna um pensamento que pode afetar minha escolha, significa que os racistas já venceram”, concluiu.

O atacante está em turnê com a Inter de Milão no Japão. Após empate por 1 a 1 com o Al Nassr de Cristiano Ronaldo, partida no qual entrou no segundo tempo, ele voltará a campo para enfrentar o Paris Saint-Germain, às 7 horas (de Brasília) desta terça-feira.