A abertura da Arábia Saudita para os grandes eventos esportivos pode ter efeitos positivos sobre o futebol local. Esta é a opinião do técnico brasileiro Marcos Paquetá, que trabalhou no país entre 2004 e 2007. Lá treinou o Al Hilal, derrotado pelo Flamengo na semifinal do último Mundial de Clubes da Fifa, e a própria seleção saudita.

“Acho que o campeonato local pode começar a ter repercussão internacional. Tem muito jogador bom, de outros países, da França, Itália, muitos com mercado bom. Creio que o investimento está sendo forte”, disse Marcos Paquetá, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

“As comissões técnicas têm hoje muitos profissionais por equipe. O saudita sempre teve boa qualidade técnica, são os melhores jogadores do Golfo Pérsico. Acho que a ideia agora é chamar a atenção. Estão fazendo um trabalho interessante”, completou o experiente treinador, de 61 anos.

A mudança no futebol local é reflexo da abertura que vem acontecendo no país nos últimos dois anos, permitindo a realização de eventos esportivos de diversas modalidades como futebol, boxe, golfe, tênis e até turfe. “São mudanças profundas no esporte, na educação, na sociedade e turismo”.

A novidade mais chamativa dos últimos anos aconteceu em janeiro de 2018, quando as mulheres enfim puderam comparecer aos jogos de futebol. “Elas gostam muito de futebol. Você vai a locais públicos e as crianças e as mulheres pediam autógrafo aos jogadores”, lembrou Marcos Paquetá.

“Eles estão vivendo um momento de transição. Estão tentando abrir o país de uma maneira gradual e que acho interessante. Tenho amigos lá e eles me relatam que hoje existe uma abertura maior, uma aceitação melhor [quanto ao diferente], não em todos os lugares, mas em boa parte do país”, disse Marcos Paquetá, que comanda atualmente o Muharraq Club, do Bahrein, país vizinho da Arábia Saudita.