André DiBiase, da assessoria Palavra, ele próprio ex-ator, narra a experiência: “Tive de bancar o segurança. As pessoas ficaram enlouquecidas quando o Marcos Palmeira desceu do carro para pisar no tapete vermelho.” Sábado, 13, foi a grande noite de Palmeira na serra gaúcha. Ele teve uma folga de fim de semana nas gravações de Pantanal para receber o Troféu Oscarito no 50º Festival de Gramado, a maior honraria que o festival concede a um artista brasileiro.

Marquinhos, como é carinhosamente chamado, ganhou duas vezes o Kiikito – melhor coadjuvante por Dedé Mamata, em 1988, melhor ator por Barrela – Escola de Crimes, em 1990. Sua estante passa a ostentar agora, também, o Oscarito.

O festival é de cinema, e de cara já apresentou um grande filme brasileiro – A Mãe, de Cristiano Burlan, com Marcélia Cartaxo em estado de graça. Boa parte daquele público que queria tocar Marcos Palmeira, fazer selfie com ele, pode conhecer o artista de cinema, mas a maioria estava ali saudando o Zé Leôncio de Pantanal.

A par de seus prêmios, Palmeira já esteve em Gramado, anos atrás, para participar da homenagem que o festival prestou a seu pai, o produtor e diretor Zelito Viana. Lembrou – “Na nossa casa funcionava a sede da produtora. Cresci nesse meio, desempenhando todas as funções que alguém pode exercer no cinema. Foi um longo caminho que me trouxe até aqui”.

Antes de atuar, trabalho com indígenas

Não tinha certeza de que queria ser ator. Trabalhava no Museu do Índio. Acompanhou o fotógrafo Luiz Carlos Saldanha quando ele foi documentar indígenas isolados no Pará. “Íamos ficar quatro dias, ficamos 28. Fomos advertidos quanto a certas coisas. Que mantivéssemos distância do grande guerreiro da tribo. Ficamos amigos, simulávamos brigas, rolava com ele no chão como se fôssemos crianças. E, à noite, ao redor da fogueira, quando todo mundo se reunia para contar histórias, eu simulava a vida na cidade. Imitava carros – ‘Vrum-vrum.’ Foi ali que descobri minha vocação, que seria ator.”

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Fez a primeira versão de Pantanal e, quando soube do remake da novela, ofereceu-se para participar, não importando qual seria o papel. Ganhou – fez por merecer – o de Zé Leôncio. Teve de envelhecer interiormente para fazer o personagem. Sente-se ainda muito jovem, aos 58 anos, Fará 59 na sexta, 19.

A par da representação, Marcos Palmeira tem sido guerreiro na defesa e discussão de questões ambientais. Gramado é um grande polo turístico. “Turismo, cinema e proteção ao meio ambiente podem e devem andar juntas. São fontes de riqueza.” A democracia – “Precisamos protegê-la, é necessária.” Disse que Jair Bolsonaro criminaliza as artes e o Brasil não tem política cultural. Os filmes? – “A arte constrói nossa identidade.” Palmeira pode voltar ao Pantanal, à fazenda de Zé Leôncio. Já contribuiu para o brilho desses 50 anos de Festival de Gramado.


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