SÃO PAULO, 13 DEZ (ANSA) – A Marcopolo, maior fabricante de carrocerias de ônibus no mundo e herança da imigração italiana no Rio Grande do Sul, enxergou na inovação e na tecnologia um caminho para diversificar os negócios e explorar novos mundos, seguindo os passos do célebre mercador veneziano que dá nome ao grupo.   

Fundada em 1949, em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, por Paulo Bellini e pelos irmãos Dorval, Nelson, João e Doracy Nicola, todos eles ítalo-descendentes, a companhia se tornou referência quando o assunto é ônibus e agora aposta na impressão em 3D como um caminho para o futuro.   

Em 2023, a Marcopolo lançou o Goü, programa para selecionar três ideias inovadoras e com grande potencial, premiando com o primeiro lugar um projeto de manufatura aditiva chamado “Marco Additive”, tão promissor que se tornou uma divisão da Apolo Tecnologia, empresa do grupo voltada a soluções em polímeros.   

O objetivo é levar para dentro da manufatura a impressão em 3D – método de fabricação aditiva que constrói objetos tridimensionais a partir de um modelo digital – para fabricar não apenas protótipos de testes, mas também peças de uso final direcionadas aos mais variados setores.   

“Com o 3D, tu pode fazer desde um vaso exclusivo para tua casa até uma prótese humana. Ele nos trouxe uma facilidade e agilidade gigantes. Tu recebe o desenho do projeto, faz a peça, entrega em 48 horas e, logo depois, ela já está em campo”, conta André Castilhos, business head da Apolo Tecnologia, em entrevista à ANSA.   

Entre outras coisas, a empresa já desenvolveu uma prótese de dedo a partir de resinas flexíveis, capaz de executar todas as funções e feita na cor da pele. Outras aplicações possíveis são peças para uso na agricultura e até em ônibus e veículos pesados. “Os resultados são positivos financeiramente. Tu consegue colocar no mercado em pouco tempo um projeto que demoraria muito para virar realidade, ganhando em custos”, acrescenta Castilhos.   

Segundo o executivo, os processos de impressão 3D mais demorados levam 48 horas, enquanto uma ferramenta de injeção – ou seja, equipamentos para moldar o plástico – exige cerca de 120 dias, além de investimentos pesados. “Tu pode fazer uma peça, testá-la em campo e corrigir os detalhes para que ela possa dar resultado. É tecnologia imediata”, ressalta.   

Até o fim do ano, a Apolo pretende fazer um diagnóstico completo dos primeiros meses do Marco Additive, que está no mercado desde março de 2024, para planejar os próximos passos, entre eles levar a impressão em 3D também para materiais metálicos. Isso poderia abrir as portas para segmentos que vão da produção de próteses humanas internas até componentes estruturais de motores e peças aeroespaciais, para citar alguns exemplos.   

Outra novidade da Marcopolo nascida no âmbito da iniciativa Goü é o Projeto Nomade, que lançou em novembro passado o primeiro motorhome produzido pelo grupo. De olho no mercado de turismo, a ideia é oferecer um produto pensado para a realidade do Brasil, onde veículos do tipo costumam ser adaptações de ônibus antigos. Para isso, a empresa criou até uma nova divisão de negócios, a Marcopolo Motorhome.   

O terceiro projeto selecionado no Goü é o Focus, tecnologia que reúne telemetria e outras ferramentas para ajudar vendedores em negociações técnicas, oferecendo ao cliente uma visão geral sobre durabilidade, desgaste e desempenho do veículo em longo prazo.   

“Hoje a Marcopolo não vê um futuro sem novas tecnologias, ainda mais com a inteligência artificial chegando para facilitar. A tecnologia faz parte da inovação da empresa”, diz Castilhos. (ANSA).