Marconi vê desgaste em polarização e admite falta de lideranças na política

Presidente do PSDB avalia que Lula e Bolsonaro não devem disputar as eleições de 2026, abrindo caminho para o fortalecimento do centro

Leonardo Monteiro/IstoÉ
Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, nos estúdios da IstoÉ Foto: Leonardo Monteiro/IstoÉ

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, avaliou haver uma fadiga na polarização política no país e acredita que o centro pode assumir o protagonismo político a partir do próximo ano. A declaração foi dada em entrevista exclusiva à IstoÉ.

Perillo disse acreditar que a população tem se afastado dos extremos nos últimos anos e se cansado do discurso de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Na avaliação dele, a radicalização não apresenta resultados na ponta.

“Agora é que começa a haver uma fadiga, começa a haver um cansaço em relação a essa radicalização de extrema esquerda com a extrema direita, cujos resultados não chegam para a população”, afirmou.

“Eu acho que as pessoas vão se cansar dos extremos e vão procurar no centro democrático alguém que tenha equilíbrio, preparo, não só para governar, mas para dialogar com todos os polos”, concluiu o ex-governador de Goiás.

Perillo ainda destacou a falta de liderança política no país, ressalvando Lula e Bolsonaro, como havia nas décadas de 1990 e 2000. Essa falta de novos líderes, na visão do tucano, pode abrir caminho para a sobrevivência do tucanato, além de dar brechas para o avanço do Centrão no protagonismo político.

“No geral, e falando de todos os partidos, eu diria que há um déficit de lideranças políticas novas, grandes, em todos os espectros. Não é só dentro do PSDB. Em 2014, tínhamos o Aécio. Hoje, acho que uma nova liderança é o Eduardo Leite e o Paulo Serra, que foi prefeito de Santo André e saiu com 90% de aprovação”, refletiu.

Perillo evitou nomear novos líderes fora de seu partido e exaltou o nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Leite é pré-candidato à Presidência da República e colocado como a principal condição para que os tucanos aceitem uma fusão ou incorporação com outros partidos.

O tucano analisou o cenário político atual e afirmou acreditar que a reprovação do governo, somada aos problemas de saúde, deve convencer Lula a recuar da disputa eleitoral em 2026. Do outro lado, Jair Bolsonaro segue inelegível até 2026, abrindo uma disputa interna entre seus sucessores.

“Vendo o cenário brasileiro atual, a gente já tem uma inelegibilidade do Bolsonaro, que já foi definida pelo TSE. Eu não creio que o Lula seja candidato a presidente. Se se confirmar a não candidatura do Lula, a não candidatura do Bolsonaro, a gente vai ficar com um espaço enorme pela frente para o surgimento de novas lideranças”, pontuou o presidente do PSDB.