 "Paulo H. Carvalho/Agência Brasília")
O Complexo Penitenciário da Papuda, possível destino do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ganhou notoriedade por ter recebido políticos condenados em casos de grande repercussão nacional e internacional, como o escândalo do Mensalão e a Operação Lava-Jato.
Nesta quarta-feira, 5, o governo do Distrito Federal solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma avaliação médica de Bolsonaro para verificar a viabilidade de uma transferência ao presídio de segurança máxima, localizado em Brasília (DF). O pedido deverá ser analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo sobre a trama golpista na Corte, após a conclusão da análise dos embargos de declaração apresentados pela defesa do ex-presidente. Os advogados ainda pretendem apelar para que ele continue em prisão domiciliar, onde está desde o início de agosto, em razão de seus problemas de saúde.
+ Como é o presídio da Papuda, possível destino de Jair Bolsonaro
Caso saía a decisão de transferência, Bolsonaro pode se tornar o primeiro ex-presidente brasileiro a ser preso na Papuda. Vale relembrar que o capitão reformado do Exército foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Quem já foi preso na Papuda?
Os bolsonaristas condenados pelos atos antidemocráticos no dia 8 de janeiro de 2023, quando invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília, foram enviados ao Complexo Penitenciário da Papuda, conhecido como “presídio dos famosos”.
Confira a lista das figuras mais conhecidas que passaram pelo presídio:
- Carlinhos Cachoeira: bicheiro preso durante as operações Monte Carlo e Saint Michel, da Polícia Federal, em fevereiro de 2012. Em abril de 2012, Cachoeira foi transferido para a Papuda, onde teria comandando uma quadrilha que explorava cassinos no Distrito Federal. Em novembro daquele ano, deixou a prisão depois de passar para o regime semiaberto.
- Marcola: considerado o líder o PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Williams Herbas Camacho passou por vários presídios nacionais, incluindo a Papuda.
- Cesare Battisti: o ex-ativista italiano foi preso em 2007, no Rio de Janeiro, depois de chegar ao Brasil com um passaporte falso. Ele havia sido condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos. Durante quatro anos, ele ficou preso na Papuda até ser solto por determinação do Supremo Tribunal Federal.
- Luiz Estevão: o ex-senador foi condenado a 31 anos de prisão em 2006 por fraudes na construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRF2), na cidade de São Paulo. No ano de 2018, ele foi transferido para o pavilhão de segurança máxima da Papuda, junto com o ex-ministro Geddel Vieira Lima, por suspeita de regalias.
- José Dirceu: o ex-deputado foi condenado a sete anos e 11 meses de prisão por participação no esquema do Mensalão. Ele ficou 11 meses em regime fechado na Papuda até receber autorização do STF para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar.
- José Genoíno: durante o mesmo processo do Mensalão, o ex-deputado recebeu a sentença de quatro anos e oito meses de prisão, cumprida parte na Papuda e o restante em casa.
- Natan Donadon: o ex-deputado federal foi condenado a 13 anos e quatro meses de prisão por peculato e formação de quadrilha, em junho de 2013, e acabou sendo levado para a Papuda.
- Maluf: o ex-prefeito de São Paulo recebeu a sentença de sete anos pro lavagem de dinheiro durante o período que esteve no comando da cidade paulista (de 1993 a 1996). Maluf chegou à Papuda em dezembro de 2017, aos 86 anos. Devido à idade avançada, sua defesa pediu transferência para a prisão domiciliar. A solicitação foi negado pela Justiça do DF em janeiro de 2018.
Como é a Papuda
O Complexo Penitenciário da Papuda reúne várias prisões, entre as quais a Penitenciária Federal de Brasília, uma das cinco federais que foram construídas com o objetivo de encarceramento dos criminosos considerados mais perigosos do país.
A Papuda foi inaugurada em janeiro de 1979 e, na ocasião, tinha capacidade para receber apenas 240 presos, sem caráter federal ou de segurança máxima. Atualmente, cerca de 5.300 detentos podem ser abrigados no local, que enfrentou problemas de superlotação.