26/08/2021 - 16:15
Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) – O chamado marco temporal para a demarcação de terras indígenas não deve afetar a expansão de produção agropecuária prevista para o Brasil, disse nesta quinta-feira um executivo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Isso porque o agronegócio deve crescer com foco em produtividade e não somente por meio da expansão de áreas, afirmou a jornalistas o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sergio De Zen, após a estatal projetar um novo recorde para a produção de grãos no país na safra 2021/22..
O marco temporal para demarcação de terras indígenas pode ser analisado nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Mais cedo, nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro daclarou que, caso o STF rejeite o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o agronegócio poderia “acabar” no Brasil e o país teria de importar alimentos.
Segundo o presidente, na hipótese de mudança de entendimento da Corte, os atuais 14% do território nacional demarcados como terra indígena poderiam passar para aproximadamente 28%, o que faria com que não tivéssemos mais agricultura no Brasil.
Questionado sobre o tema, o diretor da Conab disse que as reservas indígenas têm que ser respeitadas, assim como todas as demais leis, mas que isso não interfere na eficiência da agricultura brasileira, que é muito grande.
“Vamos crescer a área? Vamos. Onde? Em cima da segunda safra de milho, da soja, integração lavoura-pecuária, integração com floresta, é aí que vamos ganhar espaço”, explicou.
Ele ressaltou que, com base em estudos do setor, a expansão no plantio da soja –principal cultura da pauta de exportação do país– não vem sobre áreas novas, mas sim de áreas de pastagens.
Além disso, comentou o diretor, à medida que o plantio de cultivos agrícolas avança, a pecuária também tem se movimentado para acompanhar a eficiência no uso da terra.
“No que temos de números, um marco… vai favorecer a produtividade do setor, e é o que a gente preconiza”, disse ele.
Zen ainda lembrou que a gestão da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem como base quatro vetores importantes para o desenvolvimento da cadeia produtiva: respeito ao código ambiental, legalização da posse da terra, tecnologia e informação.
“Tendo esses quatro ingredientes, você aumenta a produtividade da terra… e com isso o marco não vai fazer efeito. Não é isso que vai mudar a área ou a produtividade, ou a oferta, nesse momento não é isso.”
De acordo com levantamento da Conab, os cultivos de soja e milho, com avanços na produção para a safra 2021/22 estimados em 3,9% e 33,8% (após quebra pela seca e geadas), respectivamente, devem impulsionar a colheita total de grãos do Brasil na próxima temporada, projetada em 289,6 milhões de toneladas, avanço de 14% no comparativo anual.
A área de cultivo da soja tende a alcançar 39,91 milhões de hectares na nova temporada, com alta de 3,6%, disse a Conab nesta quinta-feira. O plantio de milho foi projetada em 20,6 milhões de hectares, alta de 3,9% na comparação anual.
(Por Nayara Figueiredo)