O ex-diretor do departamento de humor da Globo Marcius Melhem gravou um vídeo em que critica encontro para discutir proposta de combate ao assédio sexual no trabalho, previsto para acontecer na próxima quarta-feira (4), em Brasília, entre as atrizes que o acusam de assédio e a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Em seu recém-criado canal no Youtube, o artista descreve a reunião como uma jogada midiática e como uma tentativa de fazer pressão política sobre as investigações contra ele.

O convite para o encontro partiu da prória ministra, que deve apresentar proposta para construção de um marco normativo contra o assédio sexual no ambiente de trabalho. Em seu discurso no vídeo, Melhem restringe o foco do encontro, minimizando a importância de uma proposta abrangente a toda a sociedade, colocando como um evento que tenta condená-lo.

“Eu não sou nem réu. Não existe ação penal contra mim. Ainda que um dia ela venha a existir e que eu me torne réu, também ainda não serei culpado, porque não existe trânsito em julgado, não existe sentença, nada. Não existe nada. Existe uma investigação preliminar para averiguar se essas denúncias fazem sentido. E aí, sim, o Ministério Público vai decidir se eu sou réu”, disse ele.

As declarações de Melhem acontecem uma semana após a publicação de uma entrevista coletiva concedida por atores, atrizes e diretores da Globo ao portal do Metrópolis, disponível no Youtube, em que eles reforçam as denúncias e relatam o tratamento do então diretor com a sua equipe. 

Ao final do seu discurso, Melhem diz que as atrizes tentam transformar o “caso em causa” para provocar comoção e legitimar uma acusação não comprovada, o que ele chamou de “jogada midiática”.

Em nota, os advogados que defendem o grupo de atrizes repudiaram as falas do ex-diretor e destacaram a ‘necessidade urgente de um novo marco normativo para o enfrentamento do assédio sexual no trabalho’. Veja a nota na íntegra:

“As tentativas de silenciamento por parte do Sr. Marcius Melhem continuam e são aterradoras. Novamente a postura dele reflete rigorosamente quem ele é e como age. Com extrema ousadia tenta impedir que as mulheres se reúnam para debater pauta nacional extremamente relevante: a necessidade urgente de um novo marco normativo para o enfrentamento do assédio sexual no trabalho. Ele confunde pressão política com exercício de cidadania por parte das mulheres. Para ele é mesmo difícil entender. Lamentável!”, diz a nota assinada pelos advogados que representam as mulheres vítimas do ex-diretor, Mayra Cotta, Kakay, Marcelo Turbay e Davi Tangerino.

Entre as convidadas que já teriam confirmado participação no encontro estão as atrizes Dani Calabresa, Maria Clara Gueiros, Georgiana Góes, Veronica Debom e Renata Ricci, as roteiristas Carolina Warchavsky e Luciana Fregolente e a diretora Cininha de Paula, segundo publicação da colunista da Folha SP Mônica Bergamo.

Confira a publicação de Marcius Melhem no Youtube:

Resposta de Marcius Melhen

Em nota, Melhem comentou o caso: “Gostaria de esclarecer aos leitores da IstoÉ Gente que não é verdade que eu minimizei, em meu vídeo, a importância da discussão de um novo marco normativo para enfrentamento ao assédio sexual no trabalho. Pelo contrário! Quem vir o vídeo até o final vai constatar que eu ressalto a importância da causa e que a discussão séria sobre esse assunto é fundamental. Mas não se pode confundir a causa com o caso, onde sequer sou réu. O caso ainda está em fase de investigação da Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro, onde as supostas vítimas fazem manobras protelatórias para que não se chegue a uma conclusão.”