08/10/2017 - 21:00
Cerca de mil pesquisadores e estudantes se reuniram neste domingo, 8, na Avenida Paulista, região central de São Paulo, para a 3ª Marcha pela Ciência. Eles pediam pelo fim dos cortes no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações, que deve receber em 2017 apenas 20% do necessário para fechar as contas do ano. Com isso, há a ameaça de que alguns institutos tenham de fechar as portas no ano que vem.
“Não estamos lutando por melhores salário, estamos lutando para poder trabalhar, para fazer ciência. Estamos lutando pelo Brasil”, afirmou ao jornal “O Estado de S. Paulo”, durante a manifestação, Helena Nader, ex-presidente da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC).
A manifestação, convocada pela entidade, juntamente com a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), reuniu professores, estudantes e simpatizantes de instituições como USP, Unicamp, Unesp, Instituto de Pesquisas Tecnológicas e PUC-SP, que partiram do Masp e marcharam por cerca de 1h40 pela avenida.
Com gritos de guerra como “sem ciência não tem futuro” e “1, 2, 3, 4, 5 mil, se corta a ciência não avança o Brasil”, os manifestantes lembraram que sem ciência não há remédios – como viagra -, nem vacinas, e a agricultura não teria como avançar. Afirmaram que os cortes vão na contramão do que ocorre nos países desenvolvidos e também nos Brics, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em frente ao escritório da Presidência da República, entoaram “Fora Temer” e lembraram ao presidente da carta enviada a ele por 23 prêmios Nobel. O documento, enviado no final de setembro, alertou o presidente de que os cortes orçamentários em Ciência e Tecnologia “comprometem seriamente o futuro do Brasil” e precisam ser revistos “antes que seja tarde demais”.
Esta é a terceira vez que cientistas vão às ruas neste ano para pedir que parem os cortes no setor, mas pela primeira vez reuniu tantas pessoas. A chuva que estava prevista para esta tarde não ocorreu, e o público animado se misturou aos paulistanos já acostumados a tomarem a Paulista aos domingos.