Marcha LGBTQIA+ desafia Orbán e reúne 200 mil em Budapeste

BUDAPESTE, 28 JUN (ANSA) – Quase 200 mil pessoas desafiaram o premiê de extrema direita da Hungria, Viktor Orbán, e participaram neste sábado (28) da marcha do orgulho LGBTQIA+ em Budapeste, que havia sido proibida pelas autoridades do país.   

Além dos próprios húngaros, a manifestação reuniu personalidades e políticos de toda a União Europeia, em uma espécie de desagravo às ações de Orbán contra as minorias, como a sueca Greta Thunberg. “Trata-se de mais um ataque fascista aos direitos humanos, mas você não pode proibir o amor”, disse a jovem ativista sueca.   

Em declaração à agência de notícias AFP, a presidente da marcha, Viktória Radványi, afirmou que o público é estimado entre 180 mil e 200 mil pessoas, um recorde na história do evento. “É difícil dizer o número exato porque nunca houve tanta gente no Budapeste Pride”, salientou.   

No começo do ano, o governo Orbán alterou a Constituição para proibir a realização da marcha do orgulho LGBTQIA+, com a desculpa de “proteger as crianças” contra a “promoção da homossexualidade”, gerando críticas em toda a UE. Na última sexta (27), o premiê alertou que quem participasse da manifestação poderia sofrer “consequências legais”.   

A polícia instalou câmaras de vigilância por todo o percurso da parada, prenunciando possíveis multas contra os ativistas que forem identificados. “Estamos aqui pela liberdade e pela democracia. Não se pode usar a lei para proibir o amor, não é possível cancelar a identidade das pessoas. Proibir a marcha é uma violação dos direitos constitucionais europeus”, disse a líder da centro-esquerda da Itália, Elly Schlein, que é bissexual e participou da parada em Budapeste.   

O ato também contou com o apoio do prefeito da capital húngara, o progressista Gergely Karácsony, e é visto como um desafio aberto ao regime Orbán. “A marcha se tornou uma clara derrota política para Orbán em vista das eleições do ano que vem”, comentou András Pulai, diretor do Instituto Publicus, que publicou uma pesquisa mostrando que dois terços cidadãos defendem a realização da marcha.   

Ao mesmo tempo em que proibiu a parada do orgulho LGBTQIA+, a polícia autorizou uma manifestação simultânea da extrema direita, e radicais chegaram a tentar bloquear uma ponte que fazia parte do percurso da marcha, mas sem sucesso. (ANSA).