Marcha do Orgulho em Soweto, marco da luta antiapartheid na África do Sul

Marcha do Orgulho em Soweto, marco da luta antiapartheid na África do Sul

Enrolados em bandeiras com as cores do arco-íris e dançando ao ar livre, dezenas de sul-africanos festejaram neste sábado (25) em Soweto o orgulho homossexual e o fim de uma terceira onda da covid-19, especialmente penosa para esta comunidade.

A Constituição pós-apartheid desta jovem democracia protege contra a discriminação baseada na orientação sexual, mas no dia a dia, homossexuais e trans continuam sendo confrontados com a estigmatização e, inclusive, a violência.

“Ainda matam por isso”, declarou Siphokazi Nombande, de 42 anos, uma das organizadoras. “Muitos não entendem que as pessoas LGTBQI [lésbicas, gays, trans, bissexuais, ‘queer’ e intersexuais] possam existir. Querem mudá-las por causa do que gostam”.

O confinamento para conter a covid-19 acentuou estas dificuldades, ao obrigar os jovens a permanecer com suas famílias e em um entorno que rejeita sua identidade. “Cada vez registramos mais casos [de discriminação], mais problemas de saúde mental”, destacou a ativista.

Neste contexto, a organização desta 17ª edição anual da Soweto Pride, neste local simbólico da luta contra o apartheid, representa um impulso para a comunidade LGTBQI.

“Ainda resta muito caminho antes de poder dizer que sou LGTBI ou ‘queer’ e que o assumo, sem arriscar minha segurança”, comentou Tshepiso Leeu, enfermeira de 32 anos.

“Há muitas coisas a comemorar”, acrescentou. “Nós contamos. Nossos artistas contam, nossa criatividade, nosso talento, nosso trabalho contam. Nós também contribuímos com a sociedade”.