Campeão olímpico de vôleibol em Barcelona-1992, Marcelo Negrão anunciou a criação de um novo clube profissional na modalidade, o Norde. O nome, que faz alusão à região Nordeste, terá sua base em Fortaleza, Ceará, utilizando as estruturas do Clube BNB. A iniciativa foi possível graças ao investimento da Entrepay, empresa especializada em serviços financeiros com soluções customizadas em meios de pagamento, que será o principal patrocinador do clube.

O anúncio oficial foi realizado nesta quarta-feira, dia 7, na sede da patrocinadora. Em evento para colaboradores, Marcelo Negrão falou sobre os motivos que o fizeram iniciar esse projeto, suas ambições e a importância do investimento na modalidade.

“No Nordeste, não tem time de vôlei profissional, que almeja primeira divisão. Então foi essa ideia, mudar o conceito do esporte no Nordeste, principalmente em Fortaleza, que me fez dar início a esse projeto”, comentou o ex-jogador. 

Bastante emocionado durante o evento, Negrão afirmou que a criação do Norde é “um sonho sendo realizado”. O ex-jogador, que atualmente trabalha como treinador, foi técnico do Rede Cuca Vôlei, resultado do projeto do Instituto de Cultura, Arte, Ciência e Esporte da prefeitura de Fortaleza. Durante essa experiência, percebeu a necessidade do desenvolvimento do esporte na região.

Objetivos  e parcerias

Apesar de ser um projeto novo começando a ganhar forma, o Norde tem objetivos importantes nos próximos anos. O clube começará disputando a Liga C de vôlei profissional, mas a ideia é conseguir o acesso para a Liga B em 2025 e para a Superliga nos anos seguintes.

Em contato com o site IstoÉ Publicações, Negrão destacou que isso será possível com a ajuda dos investimentos da Entrepay e demais parcerias do projeto, que estão sendo negociadas.

“Eu estou correndo atrás de tudo. Fechei parceria com a Mikasa, que é a bola oficial de todos os torneios do mundo, e eles vão ceder esse material pra gente. Estou tentando fechar com mais uma empresa que produz o que a gente chama de ‘o Canhão’, que cospe a bola a 200 km por hora pra gente treinar melhor os nossos jogadores de defesa”, destacou.

A marca com o nome do campeão olímpico ajuda a trazer a credibilidade necessária para que o projeto, mesmo que iniciado do zero, tenha os resultados esperados. A contratação de jogadores que possam contribuir para o desenvolvimento do time, fazendo com que o Norde seja competitivo mesmo estando em uma divisão inferior, passa pela credibilidade do ex-jogador.

“Como começar um time do zero com jogadores, para montar um time forte, pra chegar na Superliga? Eu não gosto de falar, mas tem que falar, o que ajuda muito sou eu estando lá. Confiam muito na minha carreira, no meu nome. Então eles acreditam no projeto. Onde eu estou, se o Marcelo tá, o projeto é bom. Então, se o projeto é bom, a gente vai estar junto com ele”, explicou.

Montagem do clube

Camiseta do Norde, novo clube brasileiro de vôlei
Camiseta do Norde, novo clube brasileiro de vôlei (Crédito:Divulgação)

O Norde, que terá 18 atletas para a disputa da liga, também espera contar com grandes nomes do esporte para as competições nos próximos anos. Negrão ressaltou que não adianta montar um time “menos capacitado” em uma divisão menor, pois quando chegarem na Superliga não vão conseguir sustentar. 

“Ter jogador faz diferença. Eu não posso contratar jogadores só para aquela Liga, eu tenho que pensar em fazer um time pra subir, igual no futebol. Tudo ainda está chegando, mas o pessoal está comprando a ideia muito bem, sendo muito bem visto”, comentou. 

Por enquanto, Marcelo Negrão atuará como treinador do clube que ajuda a construir. A ideia, a princípio, é contar com o time masculino de vôlei e buscar o crescimento nas principais ligas do país. Entretanto, Negrão não descartou a ampliação do clube, desenvolvendo, por exemplo, um time feminino no futuro.

“É um comecinho, a gente plantou a sementinha, a coisa vai começar a crescer. Quando começar a dar frutos, aí eu acho que a gente pode pensar mais à frente também. Futuramente eu posso, de repente, migrar para gestão. E aí sim a gente pode ir conversando com o pessoal todo aqui da Enterpay para ver se é interessante”, finalizou

A Liga C de voleibol masculino começará em outubro. A equipe já está montada e treinando em Fortaleza, onde será a sede do clube. Os uniformes já foram desenhados, bem como o símbolo da instituição. 

A ave desenhada no escudo do Norde é um carcará, pássaro bastante presente no sertão nordestino. A escolha pela ave de rapina também passa pelas ambições do clube, que pretende “voar”. 

Renovação da seleção brasileira

Em época de Olimpíada, Marcelo Negrão também opinou sobre o momento do vôlei brasileiro, principalmente da seleção brasileira masculina, que deixou a competição precocemente e, pela segunda edição consecutiva, não estará no pódio.

 “O Brasil no voleibol é muito forte, toda parte estrutural. A única coisa que eu acho que é um algo a mais. Uma surpresa diferente. A gente tá jogando muito igual a todos os times. A gente tem que mudar o nosso modo de jogar hoje em dia”, destacou o ex-atacante da seleção.

Questionado sobre uma possível renovação do elenco da seleção brasileira, Negrão destacou que não acredita que seja esse o problema e, mesmo mais veteranos, os jogadores brasileiros titulares nos Jogos tinham qualidade para isso. 

“Não, não é questão de renovação, por que você vai renovar, mas você vai continuar fazendo a mesma coisa sempre. Se a gente não apresentar uma novidade rápido, mudar o nosso sistema de jogo, como a gente vai jogar voleibol, vai ficar muito difícil”, finalizou.