ROMA, 1 AGO (ANSA) – Uma pesquisa conduzida por um brasileiro mostrou que o Santo Sudário, tecido que católicos acreditam ter envolvido o corpo de Jesus Cristo após sua morte, foi estendido sobre uma escultura de baixo relevo e não representa um ser humano real.
A análise foi conduzida pelo designer Cícero Moraes, conhecido pelas reconstruções tridimensionais dos rostos de personagens históricos, e publicada na revista científica Archaeometry, dando mais um argumento à tese de que o tecido tem origem medieval.
Guardado na Catedral de Turim, na Itália, o Santo Sudário é um lençol de linho no qual é visível a imagem de um homem. Para muitos católicos, trata-se de Jesus Cristo, porém Moraes disse ao site Live Science que os traços deixados no tecido são “mais coerentes com uma matriz de baixo-relevo”.
“Tal matriz poderia ter sido feita de madeira, pedra ou metal e pigmentada, ou mesmo aquecida, apenas nas áreas de contato, produzindo a impressão observada”, acrescentou o brasileiro.
Utilizando instrumentos de simulação em 3D e reconstrução facial forense, Moraes comparou dois cenários diferentes: no primeiro, um lençol virtual foi colocado sobre a reconstrução de um corpo humano; no segundo, sobre uma escultura em baixo-relevo.
Os resultados mostram que o segundo cenário corresponde quase exatamente às fotografias do Sudário, enquanto o tecido colocado sobre o corpo humano produziu uma imagem muito mais distorcida.
O especialista italiano Andrea Nicolotti, professor de história do cristianismo na Universidade de Turim, concorda com as conclusões de Moraes, mas enfatizou ao site Skeptic que o estudo não revela nada de novo.
“Cícero Moraes está certo, mas sua pesquisa não é particularmente revolucionária. Há pelo menos quatro séculos, sabemos que a imagem corporal no Sudário certamente não poderia ter sido criada pelo contato com um corpo tridimensional”, declarou.
No fim dos anos 1980, um estudo datou o lençol em um período entre os anos 1260 e 1390, na Idade Média, enquanto a Igreja Católica nunca pregou oficialmente a autenticidade do Santo Sudário. (ANSA).