Os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio e as principais empresas de materiais esportivos do mundo abraçaram de vez as causas ambientais, e não somente nos processos de produção. Para além de utilizar energia limpa ou reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, eles estão usando materiais recicláveis para produzir tênis, camisetas, bolas e até medalhas e camas para os atletas que estarão no Japão.

No caso da Olimpíada de Tóquio, o Comitê Organizador assumiu a responsabilidade de apresentar modelos de soluções de sustentabilidade dentro do conceito 3R (reduzir, reutilizar, reciclar). O maior exemplo são as 5 mil medalhas de ouro, prata e bronze que serão entregues aos competidores. Elas fazem parte do esforço da organização para reduzir as emissões de carbono geradas pelos Jogos e foram produzidas através de 78 toneladas de produtos eletrônicos doados por moradores do próprio Japão, como telefones celulares, computadores e tablets quebrados.

Nesta nova realidade, o COI chegou a lançar um guia para ajudar as entidades esportivas a organizar eventos mais sustentáveis, abordando questões como mudanças climáticas e perda de biodiversidade. “A comunidade esportiva global tem a responsabilidade e a oportunidade de deixar o mundo em melhores condições para as gerações futuras”, diz a diretora de Desenvolvimento Corporativo e Sustentável do COI, Marie Sallois.

Ainda dentro da proposta de mostrar como a tecnologia pode se aliar à sustentabilidade, as 18 mil camas que serão usadas pelos atletas na Vila Olímpica foram fabricadas de papelão. Segundo os organizadores, a mobília é mais resistente do que as tradicionais, de madeira, e ainda contribui para o plano de redução de gastos para o evento olímpico.

No mundo do futebol, o destaque de sustentabilidade fica por conta da bola S11 Ecoknit, produzida pela Penalty. Cada bola usa 4½ garrafas PETs, coletadas por cooperativas de reciclagem, que vendem o material para empresas de fiação têxtil. As PETs são lavadas, trituradas e seguem para o processo de polimerização, ou seja, produção do chip de poliéster, que dá origem ao de filamento usado em tecelagens e malharias.

“O maior desafio ao tratar de materiais reciclados é promover e garantir propriedades de alta performance igualando e, neste caso, superando produtos com materiais ‘virgens’. Esse é o ponto mais desafiador”, diz Nilton Franco, gerente executivo de produtos da Penalty. De quebra, movimenta a cadeia de coleta de garrafas PETs espalhadas pelos lixos das cidades.

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A Nike também obtém poliéster por meio de fibra de garrafas plásticas desde 2010, quando apresentou essa inovação nas camisas para a Copa do Mundo de futebol. Isso implica na redução de 30% do consumo de energia na sua produção. Com essa inovação, a empresa já retirou mais de 7,5 bilhões de garrafas PETs de aterros sanitários.

A camisa do Corinthians, por exemplo, é feita com essa tecnologia. Ela usa 96% do poliéster reciclado enquanto os shorts têm 100% e os meiões, 78%. Para se ter uma ideia, cada uniforme utiliza em média 18 garrafas plásticas recicladas. Na balança, no começo do processo, cada quilo de garrafas PETs custa, em média, R$ 1,78.

Na adidas, cada produto da coleção feita em parceria com a Parley for the Oceans, que utiliza resíduos plásticos retirados do mar, tem ao menos 40% de materiais reciclados na composição. Foi a partir dessa inovação que a fabricante alemã de produtos esportivos criou a coleção PrimeBlue, que tem camisetas, shorts, tênis e outras peças confeccionados a partir da reciclagem tendo como matéria-prima principal os lixos plásticos transformados em poliéster.

A Puma usa plástico e impressão digital para diminuir a utilização de produtos químicos. “Embora um dos principais benefícios dessa parceria seja o impacto social, o programa Puma e First Mile reciclou mais de 40 toneladas de resíduos plásticos de aterros e oceanos, apenas para os produtos fabricados para 2020. Isso se traduz em 1.980.286 garrafas plásticas reutilizadas. Todo o vestuário da marca é feito com pelo menos 83% dos fios mais sustentáveis provenientes da First Mile”, explica Stefan Seidel, chefe de sustentabilidade corporativa da Puma Global.


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