O candidato à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) recalculou a própria rota na disputa eleitoral e apostou em uma estratégia com menos ataques durante o debate promovido pelo SBT nesta sexta-feira, 20.

+ Datena comete gafe e diz que defende agressores e bandidos ‘todos os dias há 26 anos’

Assim que chegou à emissora, Marçal parecia ‘outra pessoa’. Mais calmo, evitou fazer provocações. Quando foi provocado, partiu para um ataque rápido, sem bater fixamente em um adversário.

No debate, Marçal adotou outro tom, completamente diferente dos encontros anteriores. Abaixou o tom de voz e passou a discutir propostas. “Meu objetivo até agora, e a campanha começa agora, foi expor o perfil de cada um. A minha pior versão eu já mostrei nos debates, a partir de agora você vai ver uma postura de governante”, afirmou.

A mudança de postura foi sentida pelos oponentes, mas ainda houve resquícios do antigo Marçal. Ele atacou o prefeito Ricardo Nunes (MDB) duas vezes, o que gerou dois direitos de resposta ao emedebista — primeiro, porque voltou a acusá-lo de violência doméstica; já no final do debate, chamou-o de “tchuchuca”.

Nova fase

Membros da campanha afirmaram ao site IstoÉ que essa alteração era prevista. De acordo com essas fontes, o início da campanha, com ataques e declarações fortes, foi “necessário” para alavancar o nome do ex-coach no pleito. A pouco mais de duas semanas do primeiro turno, ele deve se mostrar “mais político” e menos animoso em embates.

As lideranças da campanha negaram que essa mudança de imagem foi decidida após resultados negativos em pesquisas de intenção de voto. No levantamento divulgado pelo Datafolha na quinta-feira, 19, Marçal se manteve estacionado com 19%, na terceira posição.

O candidato do PRTB lidera em rejeição, com 44%. Mesmo negando a queda nas pesquisas, um membro da campanha acredita que a nova imagem do postulante pode dar recados ao eleitorado mais simples e reverter o quadro de rejeição.

Até quando?

Essa não foi a primeira promessa de mudança de postura feita por Marçal. Após o debate da Gazeta, em 1º de setembro, o ex-coach já havia feito uma declaração neste sentido, mas voltou a explorar acusações sem provas contra oponentes em encontros posteriores e publicações nas redes sociais desde então.

Fontes da campanha afirmam que a mudança de imagem partiu dele, mas que o desafio será controlar as ações do próprio Marçal — mesmo interlocutores mais próximos têm dificuldades em talhá-lo para aparições públicas.