Os maquinistas de trens iniciaram, nesta quarta-feira (24), a greve mais longa nas ferrovias alemãs, que paralisará o tráfego durante seis dias e custará centenas de milhões de euros à maior economia da Europa.

Motivada por um conflito sobre salários e sobre horário de trabalho, a greve começou às 2h locais desta quarta (22h de terça em Brasília) no setor dos transportes de passageiros e, na noite de terça-feira, no de mercadorias.

O protesto deve continuar até a próxima segunda-feira, 29 de janeiro, às 18h locais (14h no horário de Brasília).

Perante a direção da Deutsche Bahn (DB), “relutante em dialogar”, foi necessário “realizar uma greve mais longa e mais dura”, disse o líder do sindicato dos maquinistas, Claus Weselsky, em entrevista à emissora de televisão ZDF.

O ministro dos Transportes, Volker Wissing, classificou o movimento como “destrutivo” para a economia alemã, que se contraiu 0,3% no ano passado.

De acordo com a DB, a principal empresa ferroviária do país, trata-se da maior greve de maquinistas de trem na Alemanha, batendo um recorde anterior de maio de 2015. Também é a quarta greve desde novembro de 2023, ante o bloqueio das negociações entre essa empresa e o sindicato dos maquinistas de locomotivas GDL.

Essa ação prolongada “é, também, uma greve contra a economia alemã”, disse a porta-voz da DB, Anja Bröker, que advertiu sobre o impacto nas cadeias de abastecimento das fábricas de automóveis, químicas ou siderúrgicas.

Com seis corredores europeus de transporte de mercadorias sendo por ferrovias, a Alemanha é uma peça fundamental no comércio continental. A DB Cargo, filial de mercadorias da DB, opera cerca de 20.000 trens por semana.

Segundo o economista Michael Grömling, do instituto IW Cologne, próximo da associação patronal, “uma greve nacional de um dia nas ferrovias pode custar até 100 milhões de euros” (cerca de US$ 109 milhões, ou R$ 539,5 milhões na cotação atual) à economia alemã.

Esta paralisia coincide com as tensões no setor logístico causadas por problemas de segurança no Mar Vermelho.

O sindicato GDL reivindica aumentos salariais para compensar a inflação e a redução da semana de trabalho para 35 horas distribuídas por quatro dias, em vez das atuais 38 horas.

A última oferta da empresa pública propõe 37 horas semanais pelo mesmo salário, ou aumento de 2,7% para quem mantiver o mesmo horário. A empresa afirma ter “feito concessões” e uma oferta final que chega a “até 13%” de aumento salarial.

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