Putin e Erdogan se unem: medo no mundo
Putin e Erdogan se unem: medo no mundo

A democracia franze a testa de preocupação todas as vezes que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o da Rússia, Vladimir Putin, ganham destaque na mídia mundial. Na semana passada a preocupação foi maior ainda, porque, dessa vez, Erdogan e Putin foram notícia juntos. Mais: deram-se as mãos na cidade de São Petersburgo. O medo se explica porque os dois presidentes, que comem autoritarismo, respiram demagogia e sonham em se eternizar no governo, correram a declarar que estão dispostos a reatarem as relações militares, rompidas desde o final do ano passado quando a Turquia derrubou um caça russo na fronteira com a Síria. Por que Erdogan precisa agora da adesão da Rússia? Primeiro, para ganhar força e seguir com o período de terror que ele inaugurou no país em represália ao golpe que tentou derrubá-lo do poder no mês passado; em segundo lugar, porque pretende mesmo reinstaurar a pena de morte no país, já que dentro das fronteiras turcas o apoio popular cresce cada vez mais – pelo menos seis milhões de pessoas foram às ruas em apoio a essa proposta do presidente. Quanto a Putin, nesse momento a aliança com a Turquia lhe é valiosa na tentativa de que Erdogan reflua em seu combate ao ditador sírio Bashar al-Assad. O presidente russo visa também diminuir o isolamento internacional iniciado com a anexação da Crimeia em meio à crise na Ucrânia em 2014. Há, porém, mais troca ainda de interesses entre os dois novos aliados: Erdogan passa a controlar melhor as suas fronteiras ao sul do país e Putin desiste por enquanto de apoiar os curdos sírios que atentam contra o presidente turco. Pode-se dizer que, no caso, uma mão (de um ditador) lava a outra.