ROMA, 30 MAR (ANSA) – A cidade de Verona, no norte da Itália, está sob os holofotes neste sábado (30) devido Congresso das Famílias, evento conservador que reúne líderes políticos como o vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini, da Liga Norte. Semanas antes de ocorrer, o Congresso já era gerava polêmica na Itália, pois debate questões como o aborto, a constituição familiar, o papel da mulher e a homossexualidade. A participação de Salvini no evento também foi contestada pela oposição e começou a gerar preocupação até dentro da coalizão governista, que teme que a Liga apareça muito aliada a posições de extrema-direita.   

O vice-premier chegou ao local do Congresso sob gritos de “Matteo, Matteo”, mas também de “Vergonha!” e “Bella, ciao”. “Não estou aqui para tirar o direito de alguém. A lei 194 não está em discussão”, tentou amenizar Salvini, referindo-se à legislação sobre o aborto na Itália. Se Salvini foi ao evento, o Movimento 5 Estrelas (M5S), do também vice-premier Luigi di Maio, preferiu se ausentar.   

“Qualquer um vai ao evento que quiser, mas eu não vou a este tipo de evento. Digo apenas que, quem se permite falar que as mulheres devem ficar em casa, como se fossem seres inferiores, absolutamente não pertence ao meu círculo de amizades”, criticou Di Maio. O Congresso em Verona começou ontem (29) e termina amanhã (31).   

Durante um dos debates, foi exibido um boneco de um feto de 10 semanas para condenar a prática do aborto, o que despertou uma enxurrada de críticas. “Usar esse boneco de plástico imitando um feto é simplesmente monstruoso. É uma mensagem terrível de que as mulheres que abortam são assassinas”, criticou a ex-presidente da Câmara dos Deputados da Itália Laura Boldrini.   

O papa Francisco, que hoje iniciou uma viagem ao Marrocos, foi questionado no avião pelos jornalistas sobre o Congresso. “Eu não acompanhei esse assunto de Verona, mas a resposta dada pelo secretário de Estado do Vaticano me parece equilibrada e justa”, comentou.   

Jorge Mario Bergoglio se referiu à declaração de Pietro Parolin, que comentara que a “substância” do debate em Verona está “certa”, mas que a “maneira”, a “modalidade” como ocorre não seria a mais adequada.   

Protesto – Cerca de 20 mil pessoas se reuniram hoje pelas ruas de Verona para uma passeata feminista. A marcha contou com o apoio de entidades sindicais, como a Cgil, Cisl e Uil, e com partidos políticos de esquerda, como Partido Democrático (PD).   

Os manifestantes pedem “liberdade de escolha” e “uma sociedade aberta”. Além disso, durante a noite, foi feito um flash mob com a canção “Viva la Libertà”, de Jovanotti. (ANSA)