Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) – Manifestantes foram às ruas mais uma vez neste sábado em diversas cidades e capitais do país para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro, pedir mais vacinas e um auxílio emergencial de 600 reais.

Imagens mostraram manifestantes em mais de 20 capitais ao longo do dia, mas também houve atos em cidades menores.

Em capitais como Brasília, Rio de Janeiro, Recife, São Paulo e Goiânia, era possível identificar cartazes com palavras de ordem como a que dá nome aos atos, o “Fora, Bolsonaro”, e frases pedindo “comida no prato e vacina no braço”. Várias outras referiam-se ao presidente como “genocida”.

Também havia faixas com referência ao número de mortos no país, que neste sábado ultrapassou o patamar de 500 mil óbitos, provocando forte comoção.

Manifestantes portavam ainda bandeiras, com símbolos de partidos políticos, entidades sindicais e movimentos sociais, mas também puderam ser avistadas bandeiras do Brasil.

“Assassino!”, afirmou a aposentada Denise Azevedo, de 63 anos, que protestava no Rio de Janeiro. “Demorou a comprar vacina, quer a imunidade de rebanho, que não vai adiantar de porra nenhuma. A única imunidade que se consegue é com vacina”, disse, acrescentando que quase perdeu um primo para a Covid-19.

No Rio, as manifestações tiveram início na região central da cidade. Em Brasília, as críticas ao governo se repetiam na Esplanada dos Ministérios.

“Aqui hoje está acontecendo a manifestação de repúdio do povo a esse governo que tem negligenciado vidas, tem negligenciado pessoas que estão passando fome, com uma merreca de um auxílio emergencial que não dá para pagar nada. O sentimento aqui é de indignação, ninguém aguenta mais, o governo está pior do que o vírus”, disse o contador de 24 anos Caio Vinícius Silva, na capital federal.

Imagens dos protestos em São Paulo, que teve sua manifestação marcada para a tarde deste sábado na Avenida Paulista, também mostravam grande mobilização com as mesmas demandas.

As convocações para o “Fora, Bolsonaro”, sistematizadas pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, tinham como pretensão mobilizar mais pessoas do que as manifestações de 29 de maio.

Partidários e defensores de Bolsonaro questionaram as aglomerações causadas naquele dia por movimentos sociais, entidades estudantis, partidos políticos, centrais sindicais e até mesmo torcidas organizadas de futebol, entidades que criticam as concentrações de pessoas promovidas ou prestigiadas pelo presidente e seus militantes.

Os organizadores dos atos deste sábado mantiveram as orientações já passadas aos manifestantes em maio, pedindo o uso de máscaras com boa capacidade de proteção, que preservassem o distanciamento físico e utilizassem álcool gel, devido ao risco de contaminação por coronavírus. Também foi feita a recomendação que integrantes dos grupos de risco não comparecessem aos atos.

Era visível a presença majoritária de pessoas com máscaras e a busca pelo distanciamento físico, mas em alguns pontos havia proximidade entre as pessoas.

(Reportagem adicional de Leonardo Benassato, em Brasília, e Sérgio Queiroz, no Rio de Janeiro)

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