HONG KONG, 18 NOV (ANSA) – Após um fim de semana de tensão e um domingo de protestos violentos, Hong Kong amanheceu nesta segunda-feira (18) ainda com confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Os ativistas pró-democracia entraram no campus da Universidade Politécnica de Hong Kong, em Kowloon, e terminaram sitiados pela polícia. O reitor do PolyU, Teng Jin-Guang, tentou negociar uma trégua para a saída dos ativistas do prédio, mas o plano de evacuação faliu quando agentes policiais relançaram bombas de efeito moral. A polícia também fez dezenas de detenções nos arredores, próximo ao Hotel Icon.   

De acordo com as autoridades locais, ao menos 38 pessoas ficaram feridas, sendo cinco delas em estado grave, nos confrontos das últimas horas. Desde domingo, 154 pessoas foram presas pelas autoridades. Várias instituições de ensino tiveram suas atividades paralisadas nos últimos dias em Hong Kong devido ao elevado clima de tensão. Algumas escolas e universidades aconselharam os alunos a ficarem em casa. Durante o fim de semana, mais barricadas foram montadas pelas ruas, estradas foram bloqueada, uma ponte ficou em chamas e um policial foi atacado com arco e flecha por um manifestante. Soldados chineses em uma base próxima à universidade também foram vistos no domingo monitorando a evolução com binóculos. A presença dos soldados do Exército Popular de Libertação da China (PLA) nas ruas, mesmo para funções básicas, como limpeza, gera controvérsia sobre o status de Hong Kong como uma área autônoma.   

China – O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, voltou a ressaltar nesta segunda-feira que não se deve “subestimar a determinação” de Pequim em “defender sua soberania e a estabilidade de Hong Kong”.   

A onda de protestos em Hong Kong começou em junho, quando o governo local propôs uma nova lei que permitia extradições de condenados à China territorial.   

Ex-colônia britânica, Hong Kong goza de autonomia em relação à China. Apesar do governo já ter desistido da polêmica lei, os habitantes de Hong Kong continuaram os protestos para pedir mais aberturas democráticas. Entre as reivindicações está também a renúncia da chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, que acusada de ser pró-China.   

Desde junho, 4.401 pessoas, sendo 3,3 mil homens e mil mulheres, foram presos sob acusações de crimes relacionados às manifestações. Eles têm entre 11 e 83 anos de idade. “Não há nenhuma manifestação pacífica. É apenas um punhado de criminosos envolvidos em atos de violência contra civis. São eles que prejudicam a ordem social”, ressaltou Geng. Já a comunidade internacional tem demonstrado preocupação com a escalada de violência em Hong Kong. A Alemanha disse hoje que está “acompanhando com muita preocupação” os confrontos e pediu que os dois lados promovam um “diálogo” com “urgência”. “Nós condenamos qualquer forma de violência”, afirmou a porta-voz de Berlim, Ulrike Demmer.   

Os Estados Unidos também condenaram o que chamaram de “uso injustificável da força” e pediram para o governo e manifestantes “a se empenharem em um diálogo construtivo”. (ANSA)