GIAGLIONE, 27 JUL (ANSA) – Um grupo de manifestantes invadiu neste sábado (27) um dos canteiros de obras da linha ferroviária de alta velocidade que ligará as cidades de Turim, na Itália, e Lyon, na França, para protestar contra a decisão do governo italiano de apoiar o projeto.
O movimento, chamado “No Tav” (acrônimo para “trem de alta velocidade”), abriu uma passagem na barreira que impedia a entrada no canteiro de Chiomonte, a poucos quilômetros da fronteira e por onde passa o túnel do ramal ferroviário.
Os organizadores dizem que o protesto deste sábado reuniu pelo menos 15 mil pessoas. Houve confrontos com a polícia, que usou gás lacrimogêneo para tentar barrar a entrada dos manifestantes no canteiro de obras.
O ato conta com o apoio tácito do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), que, apesar de fazer parte do governo, entrou com uma moção no Senado para bloquear o projeto. “Nós não nos rendemos, nós pensamos no país, não damos presentes a Macron”, disse o vice-premier e ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Luigi Di Maio.
Na última terça-feira (23), o primeiro-ministro Giuseppe Conte, indicado pelo M5S, havia dado o aval definitivo do governo à obra, encerrando um longo braço-de-ferro com a ultranacionalista Liga, do ministro do Interior Matteo Salvini, que é a favor da linha.
Segundo Conte, um eventual rompimento dos contratos obrigaria a Itália a indenizar a França. O novo ramal ferroviário terá 270 quilômetros de extensão e será o anel central do chamado “Corredor Mediterrâneo”, um dos nove eixos da rede de transportes na União Europeia.
O trecho fronteiriço de 65 quilômetros, entre Susa, na Itália, e Saint-Jean-de-Maurienne, na França, já está em construção, ao custo de 8,6 bilhões de euros. Os recursos para a obra são repartidos entre a Comissão Europeia (40%) e os governos italiano (35%) e francês (25%), mas Conte anunciou que a UE aumentará seu percentual para 55%.
Estimativas divulgadas por jornais italianos indicam que as indenizações ligadas a um eventual cancelamento do projeto custariam cerca de 2 bilhões de euros ao país. Até o fim do ano, França e Itália devem realizar as licitações para os trechos nacionais da linha, que custarão 5,5 bilhões de euros. (ANSA)