Após um primeiro dia com chuva e atos contra o presidente Jair Bolsonaro, o segundo dia de festival atraiu ainda mais público que na noite anterior. Se na sexta-feira a estimativa dos organizadores era de 100 mil pessoas, a do sábado, ainda não revelada pela assessoria, deve superar em muitos milhares a anterior. Havia poucos espaços vazios dentro do Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Casa lotada, públicos diferentes e uma pergunta no ar: os artistas que se apresentam esse ano estão fazendo campanha eleitoral ou apenas repercutindo o grito da plateia?

A discussão surgiu porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acatou o pedido da campanha de Bolsonaro, que acusou Pabllo Vittar de usar o palco para fazer campanha antecipada, e fixou multa de R$ 50 mil por novos descumprimentos, segundo decisão.

No meio do público, os gritos de torcida pedindo o fim da presidência de Jair Bolsonaro são frequentes e nem precisam de microfone. Emicida, um dos artistas mais vocais contra o atual governo, começou seu show deixando sua posição clara: pediu para que os jovens tirassem o título de eleitor e levou o público ao delírio ao falar o que pensa sobre Bolsonaro.

Ao contrário de Pabllo Vittar, Emicida não mencionou nenhum pré-candidato em seu discurso. Mesmo quando as próximas eleições não são pauta, o que acontece no palco se transforma em uma causa política. O show de Miley Cyrus teve a aparição surpresa de Anitta e as duas exaltaram seus corpos e sucessos, uma levantando a outra, sem competições entre mulheres.

Amor e Luto

Um dos pontos altos da apresentação de Miley Cyrus foi um pedido de casamento, um rapaz se ajoelhou e perguntou se seu namorado aceitava se casar com ele. Público e Miley foram ao delírio com o “sim”. Uma das principais bandeiras do governo Bolsonaro é a afirmação de que “casamento é entre um homem e uma mulher”.

A emoção pela morte do baterista do Foo Fighters, Taylor Hawkins, amigo pessoal de Miley, era grande entre todo o dia de sábado. Ao homenagear Hawkins, a cantora chorou e fez com que muitos chorassem junto com ela. No lugar dos tradicionais isqueiros, a vigília foi feita com as luzes dos celulares. Essa foi uma das cenas mais lindas da história de todo o festival no Brasil.

As manifestações tanto de luto como o de revolta devem continuar no dia de hoje. No lugar do Foo Fighters, Planet Hemp e Emicida, com convidados como Criolo, DJ KLJay e outros, sobem ao para encerrar o festival. Se o sábado veio para mostrar a força do Lollapalooza no Brasil, o domingo deve consolidar o festival como o momento em que grandes artistas e pessoas comuns se reuniram para mostrar que existe vida – e muita esperança – no mundo que aprendeu a conviver com uma pandemia.