Manifestações em diversas cidades criticam PECs da Blindagem e da Anistia

Imagem de drone mostra um protesto em São Paulo contra a 'PEC da Blindagem', aprovada nesta semana, e contra o PL da Anistia para golpistas, que será votado na próxima semana
Imagem de drone mostra um protesto em São Paulo contra a 'PEC da Blindagem', aprovada nesta semana, e contra o PL da Anistia para golpistas, que será votado na próxima semana Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Artistas, políticos e movimentos sociais reúnem-se em manifestações em várias cidades brasileiras neste domingo, 21. A pauta, que reúne apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é o combate à chamada PEC da Blindagem, aprovada na Câmara na última semana, e à tentativa de anistia a envolvidos em tentativa de golpe de Estado.

+PEC da Blindagem tem mais de 80% de menções negativas nas redes sociais, diz Quaest

+Câmara aprova urgência para projeto de lei da anistia

Protestos acontecem ao longo do dia em mais de 30 cidades pelo Brasil, mobilizados por movimentos ligados ao PT e ao PSOL, e contam com a presença de artistas como Wagner Moura, Daniela Mercury, Djonga, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan.

A expectativa é de que os maiores atos serão na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e em frente ao Masp, em São Paulo. Ambos ocorrem à tarde.

Protesto em Brasília e Salvador começaram de manhã

Em Brasília, a manifestação começou oficialmente às 10h e é marcada por críticas ao Congresso e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tido como um dos principais beneficiários da PEC da anistia. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) também é citado.

Os manifestantes carregam faixas com dizeres como “Congresso inimigo do povo”, “sem perdão para golpistas” e “sem anistia”. Um dos participantes do ato estimou, do caminhão de som, a presença de 30 mil pessoas. As forças de segurança pública ainda não lançaram estimativa de público.

Em Brasília acontece uma das manifestações. Na foto, vemos uma multidão próxima ao Congresso. Em primeiro plano, um homem de camiseta vermelha com o texto "Sem Anistia" exibe uma bandeira do Brasil com o texto "O Brasil é Soberano"

Organizações e movimentos sociais realizam manifestações contra o projeto de Anista aos golpistas de 8/1 e a PEC da Blindagem, que busca dar ao congresso a prerrogativa de autorizar abertura de processos contra parlamentares.

Durante o ato, o ex-ministro José Dirceu (PT) fez críticas duras ao Poder Legislativo. “Para mudar esse País, temos que mudar o Congresso Nacional”, afirmou.

Também pela manhã começaram a aparecer nas redes sociais imagens da cidade de Salvador lotada de manifestantes nas ruas. Em um trio elétrico, houve apresentações musicais de Daniela Mercury e participação do ator Wagner Moura.

Anistia e PEC da Blindagem são principais alvos das manifestações

Os atos mobilizados pela esquerda no país miram o Congresso, com críticas duras ao projeto da anistia a golpistas e à proposta de emenda à constituição que ganhou o apelido de PEC da Blindagem, por dificultar a responsabilização criminal de parlamentares.

A PEC foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira, 16, com adesão massiva do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e também de outros partidos de oposição ao governo Lula. O PT, por sua vez, liberou a bancada e teve 12 deputados votando a favor da proposta no primeiro turno. Dois deles mudaram de posição na segunda rodada.

O texto da PEC diz que deputados e senadores só poderão ser presos em caso de flagrante por crime inafiançável, amplia o foro privilegiado e ainda restringe processos criminais contra os parlamentares.

Ela segue para aprovação do Senado. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da proposta, sinalizou que se posicionará pela rejeição.

Já o projeto de anistia ainda segue na Câmara. Na última quarta-feira, 17, a Câmara aprovou urgência do tema. Na quinta, 18, o presidente da Casa, Hugo Motta, oficializou Paulinho da Força como relator do projeto.

Oposição no governo e arrependimentos no centrão

Diante da indignação, vários deputados que votaram a favor do que os críticos chamaram de “PEC da Bandidagem” pediram desculpas nas redes sociais. Foi um “erro gravíssimo”, “fui contra tudo em que acredito”, disse no Instagram a deputada Silvye Alves (União Brasil – GO), ao afirmar que recebeu pressões para votar a favor.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, advertiu que, caso o projeto seja aprovado, “o crime organizado poderia se infiltrar no Parlamento” em entrevista ao jornal O Globo.

As propostas enfrentam um caminho difícil para a eventual aprovação. A indignação cresceu na quarta-feira, quando os congressistas aprovaram tramitar com caráter de urgência outro projeto para anistiar os bolsonaristas condenados pelo ataque de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

O texto também poderia incluir um perdão a Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada a 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado contra Lula após perder as eleições em 2022.

“Precisamos virar esta página da nossa história e aprovar a anistia”, afirmou na terça-feira o senador Flavio Bolsonaro (PL – RJ). Na manhã do sábado, o senador voltou a defender o projeto: “para mim, é a PEC da sobrevivência, não a PEC da impunidade”, disse.

O senador Alessandro Vieira (MDB – SE), relator da emenda de proteção aos legisladores no Senado, já disse que pedirá a rejeição.

Em entrevista à BBC, o presidente Lula prometeu vetar a lei de anistia e qualificou o projeto de blindagem como algo que não é do tipo de “assunto sério” com o qual os legisladores deveriam se ocupar.

(*com informações da AFP e Estadão Conteúdo)