Dois dias depois de deixar o comando da seleção da Itália, Roberto Mancini deu sua versão sobre seu pedido de demissão e fez críticas via imprensa à Federação Italiana de Futebol (FIGC), que negocia com o ex-técnico do Napoli Luciano Spalletti para assumir o cargo.

Criticado desde sua saída da ‘Azzurra’, Mancini concedeu entrevista a quatro jornais do país, publicadas nesta terça-feira (15).

“Não matei ninguém e estou sendo tratado, creio, de uma maneira que não mereço. Disseram muitas coisas que não correspondem com a realidade’, disse o treinador ao diário Messaggero.

Mancini, que levou a Itália ao título da Eurocopa em 2021, negou que deixou a equipe para assumir a seleção da Arábia Saudita, sem técnico desde a saída do francês Hervé Renard.

“Para mim, a Itália sempre foi prioridade. Depois de tantos anos no cargo, recebi várias propostas que vou estudar nas próximas semanas, mas por enquanto não há nada concreto (…) Quando algo me interessar, vai acontecer, mas a Arábia Saudita não tem nada a ver”, afirmou ao Corriere dello sport.

– “Era o momento” –

Além da Arábia Saudita, que segundo as fontes propôs um contrato de três anos de 25 milhões a 40 milhões de euros (R$ 135 milhões a R$ 216 milhões na cotação atual), a seleção do México e vários clubes estariam interessados no italiano.

Segundo o treinador, as razões de sua saída teriam que ser buscadas na FIGC.

“Há meses estava pensando nisso, era o momento de sair porque quando algumas situações mudam de maneira interna, significa que estamos a caminho do fim”, explicou ao Corriere dello sport.

Mancini também falou sobre as mudanças em sua comissão técnica, decididas pelo presidente da FIGC, Gabriele Gravina, com dois de seus auxiliares deslocados para outras funções.

“Já se viu algum presidente mudar a comissão técnica de um treinador? Há um ano ele queria mudar a equipe, expliquei que ele não poderia me tirar duas pessoas, de um grupo que funcionava em e que foi campeão da Europa”, lamenta Mancini em entrevista ao La Repubblica.

Segundo o treinador, quando ele expressou suas dúvidas, Gravina não tentou segurá-lo. “Se alguém quiser te manter, as coisas podem mudar”.

– Rescisão milionária –

Para substituí-lo, a FIGC pensa em Antonio Conte, que já dirigiu a seleção entre 2014 e 2016, e em Luciano Spalletti, campeão Italiano com o Napoli na última temporada.

Spalletti é o favorito na opinião geral, mas sua contratação exigiria a resolução de um obstáculo jurídico-financeiro.

Embora já tenha deixado o Napoli, ele segue sob contrato até junho de 2024.

Uma cláusula prevê que Spaletti pode ser liberado por 3 milhões de euros (R$ 16 milhões), quantia que cai mensalmente em 250 mil euros (R$ 1,3 milhão) até o fim do contrato.

O presidente e proprietário do Napoli, Aurelio De Laurentiis, não parece disposto a cedor o treinador à FIGC, que embora esteja otimista, não pode se dar ao luxo de esperar: a seleção italiana entra em campo no dia 9 de setembro, contra a Macedônia do Norte, pelas eliminatórias para a Eurocopa de 2024.

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