Esta semana, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, foi preso preventivamente por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Federal investiga um possível vazamento de informações sigilosas para beneficiar o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias.
+ Moraes nega uso de slides pela defesa de Filipe Martins em julgamento do golpe no STF
O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou, neste domingo, dia 7, o depoimento de Bacellar. Na gravação, ele admite ter falado com TH um dia antes da operação. Segundo as investigações, ele teria avisado o ex-parlamentar sobre ações policiais. No entanto, ele nega.
TH Joias foi preso em setembro. Ele foi acusado de lavar dinheiro para o Comando Vermelho, negociar armas, adquirir equipamentos antidrones e atuar como braço da facção dentro da Alerj. De acordo com relatório da PF, havia “intensa troca de mensagens” do ex-deputado com “contatos estratégicos, incluindo o presidente da Alerj”. No entanto, ele declarou que a relação era apenas institucional: “Eu sou presidente do Parlamento. Tenho que atender todos indistintamente”, disse.
Mensagens encontradas no celular de TH mostram conversas de tom informal e frequente entre os dois. Na véspera da operação, ele enviou a Bacellar vídeos com peças de picanha em freezers e brincadeiras sobre “roubar a carne”. O contato estava salvo como “Predestinado”. De acordo com Bacellar, o ex-deputado perguntou se seria alvo de alguma ação e o presidente da Alerj teria dito que não sabia.
Imagens mostram que, mais tarde, um caminhão retirou objetos da casa de TH Joias. No dia seguinte, TH mandou imagens de agentes da PF dentro de sua casa. Bacellar relatou ter ficado surpreso: “O cara é maluco, o cara me manda (…) dos policiais lá na casa dele”, afirmou.
Investigadores perguntaram por qual motivo Bacellar não avisou nenhuma autoridade ao saber da possibilidade de uma operação contra um parlamentar. “Não procurei absolutamente ninguém. Não tô aqui pra entregar colega. Não tô aqui para proteger colega também que faz nada errado”, respondeu.
Agentes também encontraram R$ 90 mil no carro dele. “Vou me reservar o direito de apresentar depois a comprovação”, disse. A defesa do presidente da Alerj nega que ele tenha obstruído investigações ou vazado informações sigilosas. A defesa de TH Joias diz que não teve acesso ao processo. Com a prisão, Bacellar se tornou o quinto presidente da história da Alerj a ser detido.