Mais de 140 anos depois de sua identificação, um dos maiores inimigos da humanidade, o parasita causador da malária continua a fazer diversas vítimas fatais pelo mundo. Por ano são mais de 420 mil pessoas que morrem dessa infecção, a maioria delas crianças no continente africano.

A malária é uma doença negligenciada, portanto, está entre aquelas que são menos interessantes comercialmente à indústria farmacêutica e, por essa razão, ainda não há uma variedade de medicações capazes de debelar esse flagelo.

Porém, eis que surgem dois grupos, um de cientistas norte-americanos e o outro com 56 voluntários. O segundo se dispôs a participar de um estudo que parte do princípio de que a inoculação controlada do microorganismo no fígado desses intrépidos participantes induz o sistema imune, à produção proteção natural de defesa.

Os resultados foram entre 80% e 100%. Mas como foi feito o procedimento? Deram três injeções com a variante africana do parasita nos pacientes, depois introduziram o medicamento antimalárico (de fama internacional), a cloroquina, após três meses voltou-se a ser injetado o parasita, mas agora a versão brasileira.

“A malária é uma doença de países pobres, por isso a pesquisa traz uma esperança”, afirma Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista. Em ensaios clínicos, os pesquisadores perceberam que o sistema imune também foi eficaz contra infecções por malária de forma natural.

A doença é instalada após a picada da fêmea do mosquito Anopheles, mas também pode ser transmitida pelo compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou da mãe para o feto, na gestação. Dentro do organismo, o parasita faz a festa. Multiplica-se rapidamente na corrente sanguínea destruindo de 2% a 25% do total de hemácias (glóbulos vermelhos), o que pode provocar um quadro de anemia grave.

A malária pode modificar a estrutura dos glóbulos o que pode causar coágulos, tromboses e embolias em diversos órgãos do corpo. Potencialmente grave, após uma semana de inoculação pode causar calafrios, febre alta, sudorese e dor de cabeça.

Todas as espécies do parasita causador da malária são perigosas, o mais agressivo, o Plasmodium falciparum, é capaz de derrubar qualquer pessoa. Causa fortes dores musculares, taquicardia, aumento do baço e, por vezes, delírios. Nesse caso também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença.

Além da febre, pode surgir dor de cabeça, rigidez na nuca, perturbações na cabeça, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões, vômitos, podendo o paciente chegar ao coma. Um dos maiores inimigos da humanidade, no campo da medicina, aparentemente parece estar sendo vencido. “Tomara que a pesquisa progrida de forma exitosa para os doentes e para a indústria”, confia Vecina.