Vocês já pararam para ouvir a letra deste funk “Malandramente”?

Autoria do poeta MC Nandinho.

A música esconde um alerta para o qual a sociedade deveria estar atenta.

Proponho, portanto, analisar esta obra de arte verso a verso.

~ Malandramente ~

Adjetiva o sujeito “menina inocente”, nosso personagem que será apresentado no próximo verso.

~ A menina inocente ~

Nossa protagonista. Uma menina inocente, talvez menor de idade. Imagino uma menina jovem, ingênua, num uniforme escolar, abraçada aos seus livros.

~ Se envolveu com a gente ~

Pressupõe que “a gente” não é inocente. E “se envolver” remete a uma atitude questionável. Quem se envolve, parece que não pode escapar facilmente. Envolvido num crime. Envolvido num romance. Algo além da própria vontade. Essa menina, inocente, parece estar procurando problemas.

~ Só pra poder curtir ~

A menina inocente, malandramente, se envolveu com gente que não é flor que se cheire, para poder curtir. Curtir o que? Nunca saberemos. Prevejo problemas.

~ Malandramente ~

De novo nos lembram que a menina inocente, é malandra. O que é um paradoxo. Pode vir uma surpresa por aí. Já não a vejo mais de uniforme escolar. Um jeans e um top, talvez.

~ Fez cara de carente ~

Aqui não podemos afirmar que a menina inocente e malandra tenha simulado ou não sua carência. De qualquer forma,”a gente” se sensibilizou. O que mostra que não são tão desumanos.

~ Envolvida com a tropa ~

Surpresa. “A gente” assume tratar-se de uma tropa. Quem sabe uma milícia? O risco da menina inocente e malandra está claro agora.

~ Começou a seduzir ~

Apesar de inocente, é malandra o suficiente para seduzir uma milícia inteira. Na minha imaginação, sai o jeans, entra uma mini saia.

~ Malandramente ~

Apenas reforça o que já sabemos sobre a menina inocente, carente, malandra e sedutora.

~ Meteu o pé pra casa ~

A menina inocente, carente, malandra e sedutora parece não ser tão inocente, porque curtiu e foi para casa sem grande dificuldade, mesmo estando envolvida com a milícia. Como ela teria escapado? Malandramente, é claro.

~ Diz que a mãe tá ligando ~

Suspeita-se que a menina inocente, carente, malandra e sedutora simulou uma ligação da mãe. Apesar da milícia não ser inocente e representar certo perigo, entende que ligação da mãe é coisa sagrada e deve ser respeitada.

~ Nós se vê por aí ~

Aqui a menina inocente, carente, malandra e sedutora demonstra que também é ignorante. Não a imagino mais abraçada aos livros. Talvez até fume escondido.

~ Aí safada! ~

A menina inocente, carente, malandra, sedutora e ignorante é também safada. Aos poucos vamos conhecendo mais sobre sua personalidade. E essa gradual mudança de personalidade é onde reside o brilhantismo artístico da obra. Os próximos três versos serão fundamentais para a conclusão da trama.

~ Na hora de ganhar madeirada ~

Aqui fica claro o perigo que a milícia representava para a menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada. Pretendiam agredi-la a madeiradas. Pior. Como utilizam o verbo “ganhar”, sugerem que já fizeram isso antes.

~ A menina meteu o pé pra casa ~

Por sorte ou sensibilidade, a menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada percebeu o risco que corria, conseguindo fugir.

~ E mandou um recadinho pra mim ~

Quem sabe a menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada vai concluir sua aventura informando que irá prestar queixa à polícia.

~ Nós se vê por aí ~

Não. O final surpreendente, prova do gênio. A menina inocente, carente, malandra, sedutora, ignorante e também safada continuará correndo um enorme risco no próximo encontro.

Fica claro, portanto, que essa canção, mais do que uma obra artística, é um alerta de que existe uma gang agredindo jovens às madeiradas.

As autoridades responsáveis precisam tomar providências antes que seja tarde demais.