Malafaia diz que Bolsonaro ‘fez política pela primeira vez’ ao apoiar Hugo Motta

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Silas Malafaia Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O pastor Silas Malafaia defendeu a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de apoiar as candidaturas de Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara dos Deputados e de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para o comando do Senado. Ambos foram eleitos com o respaldo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Malafaia afirmou que Bolsonaro, ao optar pelo apoio, demonstrou uma postura política diferente da habitual. “Foi a 1ª vez que ele foi pragmático. É a 1ª vez que Bolsonaro faz política como político”, declarou o pastor.

A posição do ex-presidente gerou críticas dentro da direita, especialmente entre parlamentares que preferiam uma candidatura alinhada a um viés mais ideológico. Um dos alvos de Malafaia foi o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS), que lançou sua própria candidatura à presidência da Câmara sem o respaldo do grupo bolsonarista. O pastor chamou o deputado de “garoto” que “parece buscar o suicídio político”.

Segundo Malafaia, o partido Novo só teve espaço em comissões importantes nos últimos anos porque o PL, de Bolsonaro, abriu espaço. Ele ainda reforçou sua rejeição a posicionamentos radicais, tanto de direita quanto de esquerda. “Não saber ser político dificulta, inclusive, a discussão sobre a anistia aos manifestantes do 8 de Janeiro”, disse.

Motta afirmou no domingo, 2, que a anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro será discutida em reunião de líderes nos próximos dias. Ele reconheceu que o tema divide a Câmara e garantiu que pretende tratar do assunto com “a maior imparcialidade possível”.

Malafaia também comentou o apoio de Bolsonaro a Alcolumbre, apesar de ter ressalvas ao senador. “O que ele fez com o André Mendonça no Senado, dificultando a indicação dele ao STF, não se faz”, disse o pastor. Ainda assim, avaliou que Bolsonaro “deu apoio a ele pensando no futuro”.

Indicado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, Mendonça enfrentou resistência de Alcolumbre, que, à época presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, adiou por mais de quatro meses a sabatina do então indicado.

A disputa pelo comando do Congresso expôs divisões dentro da direita. Enquanto nomes como Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apoiaram a aliança com o Centrão para fortalecer a presença do PL na Câmara e no Senado, outros parlamentares conservadores criticaram o movimento. Ricardo Salles e Van Hattem rejeitaram os apoios a Motta e Alcolumbre, argumentando que não deveriam compactuar com escolhas referendadas pelo governo Lula.