Mais vestígios do palácio do rei Herodes não desenterrados na Cisjordânia ocupada

Mais vestígios do palácio do rei Herodes não desenterrados na Cisjordânia ocupada

Localizado em plena montanha no deserto da Judeia, o Palácio de Herodes, o Grande, tirano que reinou sobre a Judeia romana, exibirá ao público, a partir de domingo (13), os novos tesouros desenterrados por arqueólogos israelenses, após anos de escavações.

Herodium é um sítio arqueológico e turístico localizado entre Jerusalém e a cidade palestina de Belém, em uma zona que fica sob controle civil e militar israelense.

Nesta montanha, o rei Herodes, o Grande – pai do rei Herodes Antipas – ordenou a construção de um palácio-fortaleza onde deveria ser enterrado.

De acordo com os arqueólogos, o soberano – que reinou entre 37 e 4 a.C. – decidiu no fim da vida mandar enterrar seu palácio com terra extraída do sopé da própria montanha, o que provocou um efeito inesperado: preservar a estrutura.

Para Roi Porat, arqueólogo que coordenou as escavações, o sítio é um “laboratório arqueológico único”, comparável a Pompeia, conservada pelas cinzas vulcânicas na Itália.

A partir de domingo, o público poderá subir pela primeira vez a ampla escadaria coroada por arcos, que leva ao salão principal do palácio, cujas paredes são decoradas com magníficos afrescos em tons de marrom, verde e preto, representativos do estilo da época.

Os visitantes também poderão apreciar, ao pé da escadaria, um teatro com quase 300 lugares, e um camarote “VIP”, onde Herodes certa vez recebeu o general romano Marco Agripa, em 15 a.C., segundo Porat.

De acordo com o especialista, “foi uma visita muito importante para Herodes” que, na ocasião, determinou uma redecoração do grande salão, com a pintura de janelas falsas e afrescos que faziam referência à conquista do Egito por Agripa, “observados” do alto por gravuras suntuosas.

Herodes respeitava a tradição judaica e evitava os desenhos de animais e homens, mas, em seu palácio preferido, o do deserto da Judeia, “tudo era permitido”, revela Porat.

O palácio, cuja entrada principal está voltada para Jerusalém, “é uma cápsula romana na Judeia”, na opinião do arqueólogo.

O rei, também chamado de “Herodes, o Cruel” por sua conhecida impiedade e por sua obsessão por conspirações, também ganhou fama por suas obras monumentais. Em particular, ampliou o segundo templo judaico de Jerusalém, ordenou a construção da cidade-porto de Cesareia e os palácios de Masada e Jericó.

As escavações do palácio-fortaleza de Herodes foram iniciadas por monges franciscanos no final da década de 1950. Os trabalhos continuaram a partir de 1972 por uma equipe de arqueólogos israelenses liderados pelo professor Ehud Netzer.

Em 2007, este acadêmico descobriu a tumba do rei, localizada sob as ruínas do palácio.

Foi também para não ofuscar o esplendor de sua tumba que o soberano mandou enterrar seu palácio, explica Eran Kruzel, funcionário da Autoridade Israelense de Natureza e Parques.

O sítio arqueológico revela a mentalidade do rei Herodes, que “se preocupava apenas com uma coisa: a maneira de preservar sua memória eternamente”, destaca Porat.