Membros do governo de Israel pertencentes ao partido ultraortodoxo Shas anunciaram, nesta quarta-feira (16), suas renúncias em protesto pelo fato de a coalizão não ter conseguido levar adiante uma lei para isentar sua comunidade do serviço militar.
Contudo, a legenda não retirou o seu apoio à coalizão governamental no Knesset (parlamento) e indicou que não vai apoiar nenhuma eventual moção de censura.
O anúncio acontece dois dias depois que outro partido ultraortodoxo, o Judaísmo Unido da Torá, deixou o governo, também motivado pelo debate sobre o alistamento militar.
Sua saída deixa a coalizão governamental do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu com uma estreita maioria de 61 cadeiras, das 120 que compõem o Knesset.
Se o partido Shass fizesse o mesmo, Netanyahu ficaria com um governo em minoria e frágil, com o apoio de apenas 49 deputados.
O político opositor Yair Lapid instou o primeiro-ministro a convocar eleições antecipadas, mesmo com a guerra na Faixa de Gaza.
“Um governo minoritário não pode enviar soldados para o front”, declarou Lapid em um vídeo. “É hora de organizar eleições”, insistiu.
Formado em 2022, o governo de Netanyahu segue de pé graças a uma aliança entre o partido do premiê, Likud (direita), legendas de ultradireita e partidos religiosos judaicos ultraortodoxos.
Segundo um acordo que remonta à criação do Estado de Israel em 1948, os homens haredim (“temerosos a Deus”) se beneficiaram durante décadas de uma isenção militar ‘de facto’, sempre e quando se dediquem totalmente a estudar os textos sagrados do judaísmo nas escolas talmúdicas.
Mas a Suprema Corte questionou essa isenção nos anos 2000, por isso sucessivos governos tiveram que aprovar emendas legislativas temporárias que agradassem aos ultraortodoxos, que são cruciais em muitos casos na hora de formar coalizões.
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