Mais um civil foi atingido durante uma ação policial no Rio. O professor de dança Yuri Piettro Ferreira, de 26 anos, foi vítima de uma bala perdida na madrugada deste sábado, 24, durante um patrulhamento na comunidade Vila Aliança, em Bangu, na zona oeste da capital fluminense. De acordo com reportagem do RJTV da TV Globo, ele voltava do trabalho e foi atingido na porta de casa.

A Polícia Militar informou que durante uma ação do 14º BPM (Bangu), policiais se depararam com uma rua fechada irregularmente. Segundo a assessoria da PM, eles desembarcaram da viatura para liberar a via quando foram atacados a tiros por criminosos. Depois do confronto, os policiais encontraram uma pessoa atropelada por uma moto em fuga e outra baleada.

As vítimas foram socorridas e levadas para o Hospital Municipal Albert Schweitzer. Em postagens nas redes sociais, amigos comentam que ele passou por uma cirurgia. A Secretaria Municipal de Saúde informou que Yuri está estável. A ocorrência encaminhada para a 34ª DP.

O caso de Yuri é mais um para as estatísticas de civis inocentes feridos ou mortos durante ações policiais no Rio. Na última semana, seis jovens morreram baleados durante ações da Polícia Militar em comunidades.

No fim de julho três pessoas ficaram feridas quando a polícia tentava deter um homem em situação de rua que matou a facadas o engenheiro João Napoli e o professor de ginástica Marcelo Correa, além de ferir a bióloga Caroline Moutinho.

Durante a ação, uma ambulância do Corpo de Bombeiros foi alvo de tiros.

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O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), defende o uso de atiradores de elite em operações policiais em comunidades. Desde a campanha eleitoral, Witzel defende o uso de snipers para abater criminosos. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ainda na campanha eleitoral de 2018, chegou a dizer: “A polícia vai mirar na cabecinha e…fogo!.”

Durante a semana, o governante comemorou efusivamente a morte do sequestrador de um ônibus na ponte Rio-Niterói pela polícia. Organizações não governamentais vêm denunciando diariamente o uso de helicópteros blindados da polícia sendo usados como plataforma de tiro, apelidados de “caveirão aéreo”.

Dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão do governo do Estado do Rio, apontam que a polícia do Rio matou 194 pessoas em todo o Estado no mês de julho, o maior número desde que essa estatística começou a ser registrada, em 1998.

Os agentes do Estado foram responsáveis por 37,4% das 518 mortes violentas no mês passado. Na prática são, em média, mais de seis pessoas mortas por dia. Desde o início do ano foram 1.075 pessoas mortas pela polícia. De acordo com os registros, as mortes ocorreram durante confrontos com os policiais.

Morto em assalto

Em um outro caso de violência no Rio, o auxiliar de loja Thiago Martins, 31, morreu na sexta-feira à noite. Ele foi baleado na véspera durante um assalto a um ônibus na Via Dutra, na altura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Quando os assaltantes recolhiam os pertences dos passageiros o celular de Thiago caiu no chão e os bandidos atiraram.

“Estamos muito abalados. Infelizmente, é mais um para a estatística”, disse o primo de Thiago, Antonio Carlos Caixeiro Neto em entrevista ao RJTV.

O rapaz ia para o aniversário da avó em Queimados. Ele deixa mulher e uma enteada. Segundo a polícia civil o inquérito será encaminhado para Delegacia de Homicídios da Capital, que dará continuidade às investigações.


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