Mais um ataque homicida a uma escola choca o Brasil e nos faz perguntar: estamos, definitivamente, importando dos EUA esse “traço cultural”? Sim, porque os americanos conhecem essa triste rotina há décadas, fruto de uma cultura armamentista histórica.

Por aqui, desde 2017 ao menos, tragédias vêm ocorrendo por todo o País. Naquele ano, em Janaúba, Minas Gerais, um suicida ateou fogo em uma creche e em si próprio, vitimando fatalmente uma professora e mais oito crianças.

Em 2019, em Suzano, interior de São Paulo, uma dupla de adolescentes abriu fogo contra estudantes e matou sete pessoas, suicidando-se em seguida. Além de alunos, funcionárias da escola não resistiram aos ferimentos e vieram a óbito.

Em abril deste ano, em Blumenau, Santa Catarina, um criminoso invadiu uma escola e matou quatro crianças a golpes de machadinha. Outros cinco pequeninos ficaram feridos. O lunático se entregou à Polícia após os crimes.

Nesta segunda-feira (23), mais um ataque mortal. Um estudante abriu fogo contra colegas e matou uma moça, ferindo gravemente outras duas. O jovem alegou que sofria bullying, e já vinha ameaçando de morte outros alunos, há meses.

Reparem os leitores que os crimes e criminosos são diversos. Adolescentes e adultos; armas, machadinha e incêndio; Minas, São Paulo, Santa Catarina; motivações variadas também. Definitivamente, não há um padrão identificado.

A cada ataque e cada tragédia, a discussão desloca-se para o campo ideológico boçal, que nada resolve e tudo se confunde. Liberalização ou restrição de armas de fogo, segurança armada ou não nas escolas, redução da maioridade penal etc.

A ideologização dos crimes ocorre porque nossas autoridades não têm a menor ideia do que fazer, e assim recorrem ao diversionismo como forma de esquecimento. Tão logo outro caso ocorra, volta-se com as discussões inócuas.

Certamente, há um conjunto de fatores que podem explicar tais eventos e sua cada vez menor periodicidade, assim como, há diversas medidas preventivas a tomar. Resta saber, contudo, quem irá apresentá-los e executá-los (fatores e medidas).

De minha parte, como observador dos fatos e sempre uma potencial vítima da violência, me resta solidarizar com os enlutados e torcer, já que não sou de rezar, para que não aconteça comigo e os meus queridos. Afinal, o que mais posso fazer, vivendo no Brasil?