A americana Judy Perkins, 49 anos, é a primeira mulher do mundo a estar livre do câncer de mama há mais de dois anos depois de ter usado uma das estratégias da imunoterapia, o método mais avançado para tratar e, em muitos casos, curar o câncer. Trata-se de um tratamento biológico que fortalece o sistema imunológico para combater a enfermidade. No caso de Judy, cujo tumor havia se espalhado por outros órgãos (metástase), os médicos do Instituto Nacional de Saúde dos EUA extraíram dela células de defesa que localizam e matam o tumor, e as multiplicaram em laboratório, injetando-as novamente depois. As lesões cancerígenas sumiram. O mesmo estratagema foi usado com sucesso contra câncer de pulmão e de pele.

Embora o câncer seja entendido como uma doença complexa, que exige em geral mais do que uma abordagem, é sobre a imunoterapia que se deposita grande parte da esperança de cura para a maioria dos tipos da enfermidade. Não foi à toa que o Nobel de Medicina de 2018 foi para os médicos que deram início às pesquisas na área (o americano James Allison e o japonês Tasuku Honjo). O método enche os médicos de entusiasmo, inclusive como recurso em pacientes nos quais o câncer se espalhou. “É possível que estejamos começando a curar pacientes metastáticos”, afirma o oncologista Pedro De Marchi, do Hospital do Amor, em Barretos, referência nacional no tratamento. “Temos pacientes que já pararam com os remédios e a doença não se desenvolve há cinco anos”, diz.

Produtos em análise

Além do caminho usado em Judy — por enquanto menos usual —, há os remédios imunoterápicos. Um dos obstáculos a seu uso, porém, é o custo. São medicações biológicas, cujo processo de fabricação é bem diferente, e mais caro, do aplicado nos medicamentos convencionais. Por isso, no Brasil há apenas um imunoterápico disponível pelo SUS, no Hospital do Amor, indicado contra tumores de pulmão e melanoma (agressivo câncer de pele) em estágios avançados. Uma rodada do tratamento custa cerca de R$ 30 mil. Com a chegada dos biossimilares (semelhantes aos biofármacos de referência) ao mercado, a cura fica mais perto. Eles custam cerca de 30% menos. Com o fim das patentes, que começam a cair, a tendência é que os biossimilares entrem com força no mercado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou um biossimilar contra câncer e outros três passam pelo processo de aprovação. Eles têm prioridade de análise. “Queremos tornar esse tratamento mais acessível”, explica Alessandra Soares, responsável pela área de registros de medicamentos e alimentos da Anvisa.

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